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“Saúde do futuro demanda nova visão sobre segurança”, diz René Amalberti

“Saúde do futuro demanda nova visão sobre segurança”, diz René Amalberti
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Em entrevista exclusiva ao Portal IBSP, o médico francês especialista em erro humano e gestão de risco acredita que é preciso mais que um olhar profissional sobre segurança do paciente

Durante o primeiro dia de palestras do II Simpósio Internacional de Qualidade e Segurança do Paciente, o médico francês René Amalberti, parceiro de Charles Vincent, compartilhou seu conhecimento sobre o que é ideal e o que real na saúde, abordando os cinco níveis de assistência e suas consequências para as intervenções de segurança.

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Confira entrevista exclusiva com René Amalberti.

IBSP: Segurança do Paciente - “Saúde do futuro demanda nova visão sobre segurança”, diz René AmalbertiIBSP – Como avalia o cenário mundial de Segurança do Paciente?
René Amalberti – A segurança do paciente tem sido norteada pelo estudo de incidentes específicos que tenham causado dano aos pacientes de algum modo. A eliminação destes eventos adversos, às vezes trágicos, é prioridade, mas nem sempre conseguimos fazê-lo. Embora a segurança do paciente tenha trazido e proporcionado muitos avanços, precisamos ter os conceitos para alcançar progressos no futuro.

A saúde do futuro vai demandar uma nova e ampla visão de segurança do paciente. Até agora, temos um olhar profissional, uma abordagem uniforme e um portfólio de estratégias limitado. Essa visão tem se mostrado produtiva, mas é apenas um dos componentes necessários.

O envelhecimento da população, o aumento da complexidade e das comorbidades, a transição do cuidado do hospital para a comunidade e outras questões críticas devem trazer novos riscos e exigirão abordagens mais sofisticadas para o gerenciamento do risco.

A ambição de inovar continuamente e permitir um acesso irrestrito aos cuidados, a crescente sofisticação das intervenções médicas, as exigências dos profissionais contrastam fortemente com a limitada capacidade dos sistemas de saúde e as realidades da austeridade financeira. O risco está em toda parte neste cenário e uma visão simples de segurança é uma absoluta ingenuidade.

O envelhecimento da população representa uma oportunidade para revisitar os conhecimentos fundamentais em saúde, em processos, incluindo qualidade e segurança, e para reforçar soluções inovadoras e contribuições da indústria para em relação ao futuro.

IBSP – A crise financeira mundial e os altos custos na área de saúde têm afetado o sistema como um todo?
René Amalberti – Certamente o quadro de crise econômica mundial está agravando a dificuldade de adaptação e o desenvolvimento no âmbito dos cuidados de saúde, mas certamente não é a principal causa. Paradoxalmente, é o acúmulo de avanços na área da saúde o que mais impacta a sobrecarga financeira.

O envelhecimento maciço da população está entre os desafios de saúde mundiais mais significativos durante a primeira parte deste milênio, e é projetado para impactar substancialmente nas esferas política e econômica. Há desafios éticos, sociais e culturais pela frente. Embora a vida seja mais bem-vinda, a rápida escalada do envelhecimento da população é uma preocupação central para todas as sociedades por várias razões.

Isso cria um enorme ônus econômico. Os países de rendimento elevado já têm cerca de 20% dos seus cidadãos com mais de 60 anos e ultrapassarão 30% até 2030. Países de baixa e média renda têm populações muito mais jovens do que os países mais ricos, com apenas 8 a 15% dos seus cidadãos com mais de 60 anos de idade, porém estão mais preocupados com o futuro, pois a população deve começar a envelhecer rapidamente. Outro grande contraste entre os países em desenvolvimento e desenvolvidos é que estes últimos eram ricos antes de terem que lidar com o envelhecimento substancial, enquanto que, nos países em desenvolvimento, a população envelhece antes de ter atingido o mesmo nível de poder financeiro.

IBSP – É possível termos um sistema de saúde ideal?
René Amalberti – Essa ideia de um sistema de saúde ideal é um paradoxo. Faz sentido e, ao mesmo tempo, não faz sentido algum. É verdade que podemos conceituar um “sistema de saúde ideal”, mas isso está mudando ao longo do tempo. Devido aos progressos constantes e rápidos nos cuidados de saúde e às mudanças socioeconômicas, o que era um sistema ideal para os anos 2000 foi mal adaptado para os anos de 2010. E para 2020 pode ser considerado improdutivo.

Veja mais

https://www.youtube.com/watch?v=-sVJUS0QApI

 

rené amalberti

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