Competências gerenciais são conhecimentos, habilidades técnicas e não técnicas, e atitudes que levam a resultados adequados às metas estabelecidas pela organização. Quando o mundo começou a enfatizar a importância do investimento em segurança do paciente – principalmente após a publicação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2004, do Programa de Aliança Mundial para a Segurança do Paciente – muitos estudos começaram a surgir interessados em avaliar quais seriam essas competências capazes de garantir uma assistência segura e de qualidade.
Uma revisão integrativa (1) realizada em 2017 buscou identificar essas competências gerenciais relacionadas à segurança do paciente. Nessa análise, que selecionou 34 artigos de 14 países, foram apontadas 11 competências principais. Confira abaixo quais são e um resumo de suas definições:
- Liderança – Capacidade de direcionar um grupo de pessoas criando um ambiente acolhedor e livre de culpa e a construção de uma equipe centrada na segurança. Profissional que auxilia na consolidação da cultura de segurança e trabalha para ser efetiva.
- Cultura da segurança – Cultura onde todos os trabalhadores assumem a responsabilidade pela segurança, priorizando-a acima de outros interesses. Ambiente que encoraja e recompensa a identificação, notificação e resolução dos problemas e promove o aprendizado.
- Trabalho em equipe – Atuação conjunta de profissionais que se apoiam, se comunicam de forma clara e objetiva focando, sempre, a segurança do paciente.
- Comunicação – Competência chave onde profissionais estão aptos a se comunicarem efetivamente para compreensão mútua entre as partes, suporte aos relacionamentos e envolvimento nas decisões.
- Manejo de risco – Correta identificação dos riscos, seus atores, propostas e execução de protocolos para prevenir e diminuir os danos, avaliando a sua eficácia.
- Competência conceitual – Conhecimento profundo e crítico sobre a segurança do paciente para real avaliação e estabelecimento de propostas de resolução dos problemas.
- Competência funcional – Habilidade de transformar o conhecimento teórico em prático manuseando as ferramentas que auxiliam as ações.
- Inteligência emocional – Capacidade de manter a estabilidade emocional diante de situações não planejadas, competência descrita como a tendência de se manter confiante e seguro.
- Advocacia – Foco em transformar a realidade em que o cuidado acontece por meio da atuação profissional. A defesa do paciente é parte fundamental da advocacia.
- Tomada de decisão – Avaliar a situação e seus desdobramentos para tomar decisão. Na segurança do paciente, essa ação se torna mais complexa, pois muitas vezes parte de uma situação não planejada e causadora de estresse.
- Gestão e planejamento centrado na segurança – Compromisso e ações que têm, como prioridade, a segurança do paciente, e permanecem centralizados percorrendo todas as áreas da instituição.
Importante destacar que liderança foi uma competência verificada em 20 dos 34 artigos; trabalho em equipe em 19 textos; comunicação em 17; e cultura da segurança em oito. A advocacia foi identificada em apenas dois artigos da literatura.
A revisão também menciona que “o estudo e o ensino da segurança do paciente são considerados recentes nas instituições assistenciais e formadoras, e a atividade educacional é uma forma de alertar para os riscos no processo assistencial que advêm, em muitos casos, das falhas operacionais do sistema de atendimento”.
Segundo discutido, o estudo das competências necessárias para uma gestão eficaz e focada na segurança dos pacientes ainda é um desafio no território brasileiro, o que torna ainda mais importante o amadurecimento das organizações de assistência e formação profissional.
E quanto à enfermagem especificamente?
Um estudo descritivo (2) realizado em um hospital paranaense coletou dados de 25 enfermeiros a fim de entender quais suas percepções acerca das competências gerenciais no contexto hospitalar. A publicação conclui que os enfermeiros percebem que competências como liderança, comunicação, tomada de decisão, planejamento e organização são indispensáveis para sua formação e prática profissional.
Na ocasião, liderança foi a competência apontada como mais indispensável, mostrando que, na visão dos times de enfermagem, a consolidação de líderes enfermeiros impacta positivamente nos resultados assistenciais. Porém, para que a liderança seja eficiente e efetiva, a competência de comunicação é imprescindível, tendo sido a segunda competência mais pontuada como indispensável.
Por fim, o estudo aponta que apesar das equipes reconhecerem a importância dessas competências, nem sempre elas são postas em prática no cotidiano do trabalho.
Lifelong learning
Considerando que a inclusão da segurança do paciente no contexto de formação dos profissionais de saúde é muito importante para o desenvolvimento dessas competências, a Faculdade Método de São Paulo (Famesp) firmou uma parceria com o IBSP para a construção da pós-graduação lato sensu EAD Gestão de Enfermagem com Ênfase em Qualidade e Cuidado Seguro.
O curso, cujas matrículas estão abertas, tem duração de nove meses e é certificado pelo MEC. As aulas são 100% online e o estudante precisa comparecer à Famesp apenas uma vez ao final de cada módulo ou ao final do curso. O objetivo dessa especialização é proporcionar a qualificação necessária para que os enfermeiros desempenhem suas funções cotidianas no contexto global da segurança do paciente. As competências profissionais, inclusive, são tema do terceiro módulo do curso.
As aulas serão iniciadas em 10 de setembro. Clique AQUI para mais detalhes.
Referências:
(1) Competências Gerenciais Relacionadas à Segurança do Paciente: Uma Revisão Integrativa
(2) Competências Gerenciais na Perspectiva de Enfermeiros do Contexto Hospitalar
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