Cabe à organização de saúde e sua liderança desenvolver uma cultura intolerante à falta de civilidade
Houve e, provavelmente, continuarão a existir mudanças significativas e demandas crescentes no ambiente de trabalho dos enfermeiros. À medida que as enfermeiras absorvem essas mudanças rápidas, surge também a figura dos que causam estresse, principalmente em setores de cuidados intensivos. Ou seja, faz-se presente a falta de civilidade no local de trabalho, também conhecida atualmente como bullying, violência lateral ou horizontal e assédio. Infelizmente, não é um problema novo, mas que merece ser evidenciado afim de evitar este tipo de comportamento.
INSCREVA-SE AGORA NO III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO IBSP
Em fevereiro de 2018, a enfermeira norte-americana Mary Beth Flynn Makic, especialista em enfermagem clínica em cuidados intensivos há mais de 25 anos e é reconhecida como líder em práticas baseadas em evidências, publicou um artigo no Journal of PeriAnesthesia Nursing intitulado “A Culture of Civility: Positively Impacting Practice and Patient Safety” em que descreve como comportamentos indesejados, quando sofrido pelo profissional enfermeiro, podem impactar na segurança do paciente. “Incivilidade no local de trabalho pode fazer com que a enfermeira não questione pedidos, podendo levar a omissões com cuidado ou erros”, escreveu Mary.
Veja aqui o estudo.
“Acredito que o bullying pode acabar envolvendo ações como retenção de informações importantes pertinentes aos pacientes, falta de inclusão de um indivíduo, atribuições de carga de trabalho excessivas, rejeição em ajudar um colega e recusa em verificações de etapas para segurança do paciente”, comenta a enfermeira Eliana Argolo, consultora de projetos do IBSP e especialista em segurança do paciente.
Segundo Eliana, essas atitudes indesejadas podem resultar ainda em um aumento do absenteísmo e na rotatividade dos enfermeiros. “Acredito que este tipo de postura enfraquece o trabalho em equipe, causando menor produtividade, queda na qualidade do atendimento e até aumento do risco de danos aos pacientes, infecções e custos elevados”, complementa a enfermeira do IBSP.
Papel da liderança frente ao bullying
A organização e a liderança precisam desenvolver uma cultura intolerante ao “bullying”, favorecendo a equipe um ambiente de trabalho saudável e respeitoso que proteja a segurança do paciente com predomínio de uma cultura justa.
“Estratégias para promover a civilidade permeiam a estrutura organizacional, que deve reforçar a tolerância zero para comportamentos inadequados. Além disso, acredito que realizar uma abordagem proativa é fundamental, além de termos políticas institucionais que descrevam o comportamento esperado, lideres de enfermagem que abordem as preocupações da sua equipe, encorajando os enfermeiros a participarem de cursos que promovam a conscientização cognitiva de suas habilidades pessoais de comunicação e a compreensão do peso da emoção na comunicação verbal e não verbal são importantes na criação de uma cultura de civilidade”, comenta Eliana.
Com isso, para proporcionar cuidados de saúde de alta qualidade depende-se cada vez mais da capacidade de lidar com o estresse, gerenciar as emoções, comunicar-se com eficácia e respeitosamente. “Como os cuidados de saúde continuam a evoluir e competir, as demandas são evidentes no local de trabalho. Portanto, é preciso cada vez mais garantir um ambiente de trabalho civilizado para a saúde pessoal, mantendo a alegria no trabalho e, o mais importante, promovendo uma assistência segura ao paciente”, finaliza Mary em seu artigo no Journal of PeriAnesthesia Nursing.
Leia mais
Comunicação e tecnologia têm potencial de transformar o sistema de saúde
Comunicação ineficaz está entre as causas-raízes de mais de 70% dos erros na atenção à saúde
Rondas de cateter fazem parte das boas práticas de segurança em unidade de terapia intensiva
Veja mais
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0