Tanto na rede de saúde pública quanto privada, ter núcleos de segurança do paciente associados ao controle infeccioso pode promover bons resultados na qualidade da assistência
Em entrevista exclusiva ao Portal IBSP, no III Curso de Capacitação em Gerenciamento dos Eventos Adversos e Segurança do Paciente, realizado no Recife (PE) em 17 de novembro, a Dra. Sylvia Lemos Hinrichsen (MD/PhD), médica infectologista especializada em biossegurança e controle de Infecções-Risco Sanitário Hospitalar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), conta como relacionou a criação dos núcleos de segurança do paciente com o controle de infecção.
IBSP Responde – Propofol na gestão de riscos: quais são os aspectos fundamentais?
Mais de dois brasileiros morrem nos hospitais a cada três minutos por falhas evitáveis
Disclosure é dever ético e ato de compromisso com melhoria do sistema
IBSP – Como se engajou na causa da segurança do paciente?
Sylvia Lemos Hinrichsen – Tudo começou na universidade 1998 e 2000 através do projeto Rede Sentinela, da Anvisa. A partir daí, comecei a trabalhar em hospitais privados levando primeiro os Hospitais Sentinela e, posteriormente, o processo de acreditação de acordo com padrões internacionais. Surgiu, então, a ideia de sistematizar núcleos de segurança junto do controle de infecção. Com isso, trouxe a experiência do controle da infecção para a segurança do paciente, sendo feito um sistema de notificação de eventos, no qual a infecção é um risco acoplado a outros riscos, cada um com indicadores específicos.
IBSP – E como analisa a gestão de risco nas redes particular e na pública na consultoria que presta aos hospitais?
Sylvia – Observo que é difícil tanto na rede particular quanto na pública, já que atuo na formação de alunos na Universidade Federal de Pernambuco para exercerem cargos nesta área. Em relação ao risco, o maior desafio é a notificação, porque as pessoas ainda tem medo de ver o erro de forma individualizada e não sistêmica, ou seja, o medo de ser penalizado ainda fala mais alto. E vale lembrar, portanto, que o importante não é a punição, mas sim o erro sistêmico.
IBSP – Como envolver o corpo clínico na gestão de risco?
Sylvia – Utilizo a metodologia chamada baseada na pesquisa, que faz diagnósticos educativos in loco, e a “liderança pelo exemplo”, além do construtivismo, que constrói com o corpo clínico todo o exemplo, fazendo com que os profissionais façam parte do processo de gestão de risco.
IBSP – O corpo clínico é envolvido na análise de evento adverso?
Sylvia – Sim, o corpo clínico é envolvido desde o processo de construção de protocolos, fluxos, checklists e bundles, além de estarem presentes na análise do incidente com dano. Uma vez por semana, eu como médica, os visito in loco para verificar o status da parte relacionada às infecções como risco, mas para fazer treinamentos.
IBSP – O foco do seu trabalho de gestão de risco ligado ao processo infeccioso ocorreu primeiramente nas UTIs. Qual o próximo passo?
Sylvia – O foco inicial foi a unidade de terapia intensiva, que já está solidificado há três anos. O próximo passo é partir para as alas dos hospitais, que é mais difícil, pois nas UTIS já se tem uma cultura de controle de infecções e é um grupo mais fechado. O trabalho será focado em estabelecer bundles dentro das alas, que são coordenadas pela enfermagem e não por médicos, já que os hospitais privados são abertos e não há coordenadores como há nas UTIs. Será um grande desafio.
Veja mais
[youtube id=”nx7aGVFj6Nk”]
núcleos
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0