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Fragilidade da segurança em saúde diante de crises: o que a pandemia ainda pode ensinar

Fragilidade da segurança em saúde diante de crises: o que a pandemia ainda pode ensinar
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Novo estudo reforça que o aumento abrupto da demanda hospitalar, como o provocado pela covid-19, expõe vulnerabilidades críticas na prevenção de eventos adversos

Cinco anos após o início da pandemia de covid-19, os aprendizados gerados por uma das maiores crises sanitárias da história seguem norteando decisões estratégicas voltadas à segurança do paciente. A principal lição permanece atual: é essencial compreender como o aumento súbito da demanda pode comprometer a qualidade da assistência para que as falhas do passado não se repitam no futuro.

Um estudo de coorte publicado em novembro de 2024 reforça essa necessidade. Conduzida nos Estados Unidos, a pesquisa analisou mais de 40 mil internações hospitalares entre setembro de 2020 e junho de 2022. Com apenas 10% dos pacientes contaminados pelo coronavírus, os achados apontam que a sobrecarga sistêmica provocada pela pandemia afetou diretamente a segurança de todos os internados, independentemente do diagnóstico de covid-19.

Os pesquisadores identificaram uma relação direta entre o volume de casos de covid-19 ao longo da semana e a incidência de eventos adversos naquele período. Em semanas com menor prevalência da infecção, a taxa de eventos adversos por 1.000 admissões foi de 55,7. Já nas semanas de maior incidência, esse número saltou para 79,3. Essa correlação foi observada tanto entre pacientes com covid-19 quanto naqueles sem a doença, indicando que o impacto se estendeu a todo o ambiente hospitalar.

A análise incluiu dados de 1.210 hospitais e levou em consideração 32 tipos de eventos adversos, com destaque para infecções relacionadas à assistência (IRAS), eventos relacionados a medicamentos, lesões por pressão, quedas e complicações pós-procedimentos. O perfil médio dos pacientes era de 73 anos, com predominância do sexo masculino (53,8%) e uma média de quatro comorbidades por paciente.

A conclusão dos autores é clara: os avanços obtidos ao longo dos anos em prol da segurança do paciente ainda são frágeis diante de situações críticas como a vivida durante a pandemia. A capacidade de resiliência hospitalar precisa ser fortalecida para que o aumento da demanda, mesmo que temporário, não reverta conquistas consolidadas.

Outros estudos corroboram essa visão. Um deles reportou aumento de 60% na taxa média de infecções primárias de corrente sanguínea associadas a cateter venoso central (CLABSI), 37% na incidência de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e 19% nas infecções do trato urinário associadas a cateter (CAUTI). Em outro levantamento, o número de quedas hospitalares cresceu 75% durante o mesmo período.

Com isso, os dados reforçam a urgência de preparar os sistemas de saúde para lidar com cenários de crise sem comprometer os padrões de segurança.

Referências:

(1) Hospital COVID-19 Burden and Adverse Event Rates

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