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Simpósio IBSP: “Segurança do Paciente precisa ser um valor, é inegociável”, diz Dr. Branco

Simpósio IBSP: “Segurança do Paciente precisa ser um valor, é inegociável”, diz Dr. Branco
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O primeiro dia do Simpósio Internacional de Qualidade e Segurança do Paciente, realizado em São Paulo, no Pullman Hotel, mostrou qual o futuro da segurança do paciente sob ponto de vista multidisciplinar

 

O Primeiro Simpósio Internacional de Qualidade e Segurança do Paciente, promovido pelo IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente em parceria com o MHF – Movimento Hospitalista de Futuro, reuniu cerca de 200 pessoas no Pullman Hotel, em São Paulo, em um dia recheado de discussões sobre assistência à saúde e como a segurança do paciente está encaixada neste cenário. O Dr. José Branco, diretor executivo do IBSP, foi categórico ao afirmar que não se trata de aderir a princípios para o bem do doente. “Segurança do Paciente precisa ser um valor, é inegociável. Isso quer dizer que a questão principal é melhorar a assistência para que seja mais segura do começo ao fim”, disse o médico infectologista na abertura do evento.

 

O primeiro painel do evento foi composto por duas palestras que abordaram os temas “Overdiagnosis” e “Overtreatment”. Subiram ao palco os médicos Rodrigo Diaz Olmos, doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo e professor assistente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP; e Dr. Luis Claudio Correia, doutor em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia e Livre-Docente em Cardiologia pela mesma instituição. “O rastreamento sem indícios de doenças não evita mortes. Pessoas saudáveis têm sido prejudicadas e há grande desperdício de recurso”, disse Dr. Rodrigo.

O Dr. Luis Claudio completou a abordagem da questão e mostrou que um rastreamento de qualidade precisa identificar pessoas com doença grave progressiva precocemente, mas considerando que a identificação e o tratamento nessa fase precoce estejam associados à melhora no prognóstico de saúde do paciente. “O senso comum vai dizer que o diagnóstico precoce é igual a um melhor prognóstico, mas nem sempre. Tentar resolver o problema pode ser pior do que controlar e tratar”, comentou Dr. Luis Claudio.

Casos clínicos e erros médicos
O segundo painel deste primeiro dia de simpósio trouxe uma apresentação de Neil Winawer, que é médico hospitalista e professor da Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos, sobre o que há de atual na literatura médica que os profissionais de saúde podem incorporar na condução de casos de pacientes hospitalizados. Neil abordou temas como tratamento de pneumonia, administração de oxigênio e tromboembolismo venoso.

Para finalizar a manhã de palestras, o Dr. Lucas Zambon falou com propriedade sobre o desafio dos erros diagnósticos e dos vieses cognitivos, e quais as possíveis soluções para este problema. Ele mostrou dados alarmantes sobre a ocorrência de eventos adversos nos Estados Unidos: 18 milhões erros de diagnósticos por ano, 74 mil mortes por erro de diagnóstico, em 5% das consultas os pacientes saem com erro diagnóstico, cada médico, todo ano, comete 62 erros diagnósticos. “Praticamente todo mundo vai sofrer um erro diagnóstico na vida”, sentenciou.

 

Medicina Hospitalar
O início da tarde do primeiro dia do I Simpósio de Qualidade e Segurança Paciente foi um momento único para que os participantes do evento pudessem se aprofundar no tema “Medicina Hospitalar”, conhecendo a realidade dos Estados Unidos e do Canadá, e aquilo que é praticado no Brasil.

Ron Greeno, fundador da Cogent Healthcare, onde criou e aprimorou o modelo usado pela companhia para gerenciamento de mais de mil hospitalistas nos Estados Unidos e, atualmente, Chief Strategy Officer na IPC Healthcare, foi um dos pontos altos do dia, pois falou sobre o papel do hospitalista e o surgimento da necessidade deste especialista nos Estados Unidos. A grande lição se resumiu ao fato de que é preciso primeiro entender o sistema de saúde de seu país para, depois, se perguntar se esse sistema está pronto para o médico hospitalista. “Só assim é que se conquista o apoio. Ou seja, entenda e depois tente ser entendido. Muitas pessoas que tentam criar modelos hospitalistas em seus países verbalizavam muito, mas será que ouvem? É importante ouvir para saber o que se precisa”, recomenda Ron Greeno.

O segundo palestrante do painel foi Vandad Yousefi, hospitalista do Vancouver General Hospital, que contou um pouco de como é o modelo de medicina hospitalar canadense. “Somos um país de grande proporção, mas pequena população. Não temos um único sistema de saúde no Canadá, como o SUS do Brasil. Há apenas uma série de sistemas de saúde organizados em cada uma das províncias. Apenas o monitoramento dos desfechos é feito pelo governo federal”, contou Vandad.

Para contar um pouco da realidade brasileira, subiu ao palco Guilherme Brauner Barcellos, pioneiro no Brasil na promoção do médico hospitalista e, atualmente, coordenador do Programa de Medicina Interna Hospitalar do Hospital Divina Providência. “A experiência prática que temos no Rio Grande do Sul é que o programa de medicina hospitalar diminuiu em 50% o tempo de permanência no hospital em que atuo”, disse Guilherme.

Atuação da enfermagem
O segundo painel da tarde jogou luz nas barreiras que a enfermagem encontra para atuar em prol da segurança do paciente nos hospitais. Maria Angélica Peterlini, professora associada do Departamento de Enfermagem Pediátrica da Escola Paulista de Enfermagem da UNIFESP, mostrou as dificuldades que os enfermeiros enfrentam no dia a dia, como falta de recursos. “Muitas vezes, o profissional improvisa e resolve o problema da instituição, não do paciente”, disse Maria Angélica, que sugeriu e apresentou soluções criativas para melhorar a assistência ao paciente.

 

Revisão de óbitos x segurança do paciente
Para finalizar o primeiro dia do simpósio, Jeanne Huddleston, médica fundadora do programa de Medicina Hospitalar da Mayo Clinic, falou como sobre como salvar vidas através da revisão de dados de mortalidade. “Não importa mais quem cuidou do paciente que faleceu. O importante é avaliar os motivos da morte, em um sistema que apoie médicos, enfermeiros e todos os colaboradores”, disse Jeanne, que é defensora de um programa sistêmico de análise de causas de óbitos. Ela ainda explicou como é feito na Mayo Clinic.

Foi um dia cheio de reflexões. Os participantes, em sua maioria, saíram satisfeitos e ansiosos pelo segundo dia de painéis, palestras, debates.

 

 

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