Todas as mulheres grávidas tem risco de desenvolver pré-eclâmpsia e devem ser rastreadas, afirma o Task Force, dos Estados Unidos
A pré-eclâmpsia afeta aproximadamente 4% das gravidezes nos Estados Unidos. É a segunda principal causa de mortalidade materna em todo o mundo. No Brasil, é responsável por 15% das mortes maternas, algo entre duas a três mulheres por dia. Além da morte, a doença pode levar a complicações graves para mãe, incluindo acidente vascular encefálico, eclampsia e insuficiência orgânica. Os desfechos perinatais adversos para o feto e o recém-nascido incluem restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer e parto fetal. Muitas das complicações associadas à pré-eclâmpsia levam à indução precoce do parto ou à cesariana.
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A boa notícia é que identificar precocemente a doença pode mudar este cenário. “O USPSTF – U.S. Preventive Services Task Force (Task Force) conclui com certeza moderada que a triagem de pré-eclâmpsia em mulheres grávidas com medidas de pressão arterial tem um benefício líquido substancial”, informa a diretriz.
Como detectar e o que evitar
Fazer o acompanhamento da gestante através da medição da pressão arterial é o que ajuda a diagnosticar a pré-eclâmpsia, permitindo, portanto, a vigilância e o tratamento efetivo para evitar complicações graves.
O USPSTF já havia estabelecido anteriormente que há provas adequadas sobre a precisão das medidas da pressão arterial para detectar a pré-eclâmpsia, tendo encontrado provas contundentes de que o teste de proteína na urina tem baixa precisão diagnóstica para detectar proteinúria durante a gravidez, o que poderia indicar a hipertensão.
Além disso, o USPSTF encontrou evidências inadequadas sobre a eficácia de ferramentas de predição de risco, como os indicadores clínicos, marcadores séricos ou índice de pulsatilidade da artéria uterina.
Avaliação de risco
Todas as mulheres grávidas tem risco de desenvolver pré-eclâmpsia e devem ser rastreadas. As condições clínicas importantes associadas ao aumento do risco de pré-eclâmpsia incluem história de eclampsia ou pré-eclâmpsia (particularmente pré-eclâmpsia de início precoce), um desfecho de gravidez adverso prévio, condições comórbidas maternas (incluindo diabetes tipo 1 ou 2 antes da gravidez, diabetes gestacional, hipertensão crônica, doença renal e doenças autoimunes) e gestação multifetal.
Outros fatores de risco incluem nulliparidade, obesidade, raça afro-americana, baixo status socioeconômico e idade materna avançada.
A triagem e os critérios
As medições de pressão arterial são rotineiramente utilizadas como uma ferramenta de triagem para pré-eclâmpsia, sendo a esfigmomanometria o método recomendado para medir a pressão arterial durante a gravidez. A paciente deve ser relaxada antes da medição e, depois de decorridos cinco minutos, a pressão arterial deve ser lida. É importante verificar a posição da gestante, pois ela deve estar sentada, com as pernas cruzadas e as costas apoiadas. O braço deve estar no nível do átrio direito do coração. Se a circunferência do braço do paciente for de 33 cm ou mais, deve-se usar um grande manguito de pressão sanguínea.
A recomendação salienta ainda que se deve evitar medir na posição lateral esquerda, pois esta posição diminui falsamente as leituras de pressão arterial.
Os critérios recentemente revisados para o diagnóstico de pré-eclâmpsia incluem pressão arterial elevada (≥140 / 90 mm Hg em 2 ocasiões com 4 horas de intervalo, após 20 semanas de gestação), proteinúria (≥ 300 mg / dL em um teste de proteína de urina de 24 horas, relação proteína / creatinina ≥0,3 mg / mmol, ou leitura de vírgula de proteína de urina> 1 se a análise quantitativa não estiver disponível), ou, na ausência de proteinúria, trombocitopenia, insuficiência renal, insuficiência hepática, edema pulmonar ou sintomas cerebrais ou visuais.
As medidas de pressão arterial devem ser obtidas durante toda consulta de pré-natal durante a gravidez. Se uma paciente tiver uma leitura elevada da pressão arterial, esta deve ser confirmada com medidas repetidas, além da avaliação diagnóstica e do monitoramento clínico, que são indicados para pacientes com pressão arterial elevada em medidas múltiplas.
Tratamento
As estratégias de manejo para pré-eclâmpsia diagnosticada incluem monitoramento fetal e materno bem próximo, medicamentos anti-hipertensivo e sulfato de magnésio. O USPSTF recomenda o uso de doses baixas de aspirina (81 mg / d) como medicação preventiva após 12 semanas de gestação em mulheres com alto risco de pré-eclâmpsia.
Outras recomendações
A Sociedade de Obstetras e Ginecologistas do Canadá recomenda que o diagnóstico de hipertensão seja baseado em medidas de pressão arterial no consultório ou no hospital e que todas as mulheres grávidas devem ser avaliadas quanto à proteinúria. Não recomenda o rastreio com biomarcadores ou ultrassonografia Doppler.
O The National Institute for Health and Care Excellence, do Reino Unido, recomenda o rastreio da pré-eclâmpsia através da obtenção de medidas de pressão arterial e análise de urina para proteinúria em cada visita pré-natal.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda a obtenção de pressão arterial em todas as consultas pré-natais e o uso de um histórico médico detalhado para avaliação de fatores de risco para pré-eclâmpsia.
Confira aqui a íntegra em inglês da recomendação da Task Force.
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