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“Triple Aim” do IHI deve ser substituído pelo “Quadruple Aim”

“Triple Aim” do IHI deve ser substituído pelo “Quadruple Aim”
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Do Triple Aim para o Quadruple Aim

 

por Lucas Zambon

Quem está envolvido em qualidade na assistência e segurança do paciente deve conhecer o conceito do Triple Aim lançado em 2008 pelo Institute for Healthcare Improvement.  O Triple Aim é uma estratégia para melhorar o sistema de saúde, e que é centrada em três dimensões: melhorar a experiência do indivíduo em relação à assistência; melhorar a saúde das populações; e reduzindo o custo per capita dos cuidados de saúde.

Porém, para atingir resultados no Triple Aim, devemos considerar que há um ponto fundamental a ser levado em conta. Os profissionais de saúde. Quem está trazendo isso à tona é o Professor Lucian Leape da Faculdade de Saúde Pública da Harvard, junto com outros autores que publicaram recentemente um editorial no British Medical Journal.

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O Prof. Leape e seus colaboradores advogam que o Triple Aim deve se transformar no Quadruple Aim. Ou seja, há uma quarta dimensão a ser contemplada, e que leva em conta a importância de médicos, enfermeiros e todos os profissionais da saúde na transformação da qualidade na assistência. Essa quarta dimensão seria melhorar a experiência da prestação de cuidados em saúde.

Em outras palavras, isso significa garantir o engajamento da força de trabalho. E isso se traduz em conseguir que os profissionais da área da saúde tenham alegria e significado no seu trabalho. Por alegria, entende-se o sentimento de sucesso e realização que resulta de um trabalho significativo. E por significado no trabalho entende-se conseguir ver importância no seu trabalho diário.

Situação dos Profissionais de Saúde

Essa quarta dimensão que cria o Quadruple Aim não é baseada em algo subjetivo. A realidade dos profissionais de saúde atualmente é enfrentar burnout, más condições de trabalho e riscos à própria saúde. Alguns dados de fora do Brasil são preocupantes. Em pesquisa recente nos EUA, 60% dos médicos declararam ter intenção de abandonar a profissão. Na Inglaterra, 44% dos médicos sentem-se desmotivados com seu trabalho. Com enfermeiros não é muito diferente. Em entrevista com profissionais de enfermagem nos EUA, 51% afirmam que o trabalho afeta sua saúde, e 35% pensam em se demitir de seu emprego atual.

Atingindo Resultados

A pré-condição para restaurar a alegria e significado no trabalho é garantir que a força de trabalho não sofra dano físico ou psicológico, nem negligência e desrespeito no ambiente de trabalho. Esta é uma prioridade inegociável para garantir que o sistema de saúde atinja patamares adequados de qualidade.

Para o indivíduo, essas noções de alegria e significado no trabalho em saúde podem ser detectadas através de três questões críticas colocadas por Paul O’Neill, ex-CEO da Alcoa e ex-presidente da RAND Corporation. As perguntas funcionam quase como um checklist que precisa ser respondido por cada profissional de saúde para podermos detectar se estamos no caminho certo:

  • Sou tratado com dignidade e respeito por todos, todos os dias, por todos que eu encontro, independente de raça, etnia, nacionalidade, sexo, crença religiosa, orientação sexual, titulação, ou posição social?
  • Eu tenho as coisas que eu preciso: educação, treinamento, ferramentas, apoio financeiro, incentivo, para que eu possa contribuir de forma a gerar significado para a minha vida?
  • Eu sou reconhecido e agradecido pelo que eu faço?

O Quadruple Aim proposto parece fazer total sentido. O Triple Aim já contemplava a sociedade, o sistema de saúde e o indivíduo. Faltava quem provê assistência. Precisamos repensar a relação dos profissionais de saúde com os hospitais e demais instituições do sistema de saúde. Precisamos mais do que nunca, engajar estes profissionais nas metas de qualidade e segurança do paciente. Sem modificarmos a realidade de trabalho, não conseguiremos ir adiante. E já estamos atrasados em nossa missão.

 

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