No setor de segurança do paciente, os sistemas devem detectar os erros, implementar medidas de melhoria e, na sequência, avaliar essas medidas. Por muitas vezes, esse monitoramento das soluções implementadas é feito especificamente pelas equipes clínicas, porém, um estudo publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem buscou compreender como os pacientes avaliam a adesão dos profissionais de saúde às medidas de segurança na administração de medicamentos.
Para isso, a base foi um hospital instalado na cidade de Franca, no interior do estado de São Paulo, e as análises foram feitas entre maio de 2019 e junho de 2020. Integraram o estudo 249 pacientes adultos internados na unidade de clínica médica há pelo menos 48 horas e que tinham capacidade de se comunicar verbalmente. A média de tempo de internação dos pacientes que participaram foi de 8,05 dias.
Para participar, esses pacientes responderam a um questionário eletrônico com questões sociodemográficas, clínicas e relativas à conduta dos profissionais de saúde em relação aos medicamentos. Eles também participaram de uma entrevista individual que durava até 40 minutos.
Talvez o dado mais impactante do estudo seja que 91,2% dos participantes afirmaram não ter recebido informações sobre segurança de medicamentos durante a internação, o que sugere que não há práticas organizacionais estruturadas quanto ao envolvimento do paciente na prevenção de erros.
Quanto a conduta dos profissionais, 26,1% disseram ter recebido orientação para não interromper o uso dos medicamentos de uso cotidiano durante o período de internação, porém 51,8% afirmaram não terem sido orientados sobre a importância de manter os medicamentos em casa. Outro ponto muito relevante diz respeito às alergias: 33,3% dos participantes afirmaram que não foram abordados sobre esse assunto e questionar o paciente e disponibilizar a informação para toda a equipe assistencial é fundamental para reduzir os riscos.
O estudo também avaliou 15 barreiras de segurança. Na avaliação dessas, a maioria dos pacientes apontou que oito nunca eram adotadas pelos profissionais. Entre elas estão: informação sobre a importância da pulseira de identificação e do painel de identificação do leito, conferência do nome completo e da pulseira de identificação antes da administração do medicamento, informação sobre a dosagem dos medicamentos que estão sendo administrados e orientação sobre os horários de administração. A não adesão dos profissionais às barreiras de segurança pode ser compreendida como um comportamento de risco
Outra percepção merece ser destacada: 26,1% disseram que os profissionais de saúde nunca higienizam as mãos antes de administrar medicamentos, ou ao menos não em condições que pudessem ser vistas pelos pacientes.
Por fim, os resultados do estudo mostram uma percepção negativa dos pacientes quanto à adesão dos profissionais de saúde às barreiras de segurança na administração de medicamentos. Como alternativa para melhorar essa percepção, o documento reforça que pesquisas realizadas no Japão e na Alemanha revelam que pacientes adultos que vivenciam a experiência da comunicação centrada no paciente – que os envolve na tomada de decisão – têm maior probabilidade de apresentar satisfação com o atendimento recebido. Assim, é importante dedicar esforços para a personalização da assistência e, dessa forma, envolver o paciente, considerando-o parte do sistema, do tratamento e da segurança.
Referências:
(1) Adesão às barreiras de segurança na administração de medicamentos:
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