Uma das dez principais causas de morte e incapacidade no mundo (1), a ocorrência de eventos adversos devido a cuidados inseguros é tema de inúmeras discussões no setor saúde. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em países de alta renda pelo menos um a cada dez pacientes é prejudicado ao receber cuidados hospitalares e cerca de 50% desses danos são evitáveis. Já nos países de baixa e média renda, esses cuidados inseguros chegam a levar 2,6 milhões de pessoas à óbito anualmente.
Reconhecidamente a maior força de trabalho em assistência à saúde (2), os enfermeiros precisam de um ambiente adequado para manter a alta qualidade dos atendimentos, assim como carecem de programas de manutenção de conhecimento para que possam estar sempre alinhados às melhores práticas da profissão.
Publicado pela BMC Medical Education, artigo intitulado “The effect of nurse empowerment educational program on patient safety culture” (3) comprova a eficácia da capacitação profissional de enfermeiros e supervisores para melhorar, de forma generalizada, a cultura da segurança do paciente. A publicação se baseia em um estudo randomizado e controlado realizado entre abril e setembro de 2015 em seis hospitais iranianos. Divididos em dois grupos (experimental e controle), 60 enfermeiros e 20 supervisores participaram da amostra.
Enquanto o grupo experimental participou de um programa de capacitação profissional envolvendo um workshop de dois dias e a distribuição de pôsteres e panfletos educativos tratando de questões relativas à segurança do paciente e situações que colocam os pacientes em risco, o grupo de controle não passou por nenhuma intervenção.
Ambos os grupos foram expostos à um teste composto por 42 questões sobre trabalho em equipe dentro das unidades, expectativas dos gerentes, ações que promovem a segurança do paciente, aprendizagem e melhoria contínua, suporte à segurança do paciente, percepção geral do paciente, feedback, comunicação sobre erros, abertura à comunicação, frequência dos eventos relatados, respostas não punitivas à erros, entre outros tópicos. Esse questionário também tinha sido aplicado aos dois grupos antes da capacitação a fim de analisar a melhoria do grupo que participou das ações educativas.
Ao comparar os resultados dos testes aplicados tanto ao grupo de controle quanto ao grupo experimental após o projeto de capacitação, a pesquisa identificou, no time que vivenciou as experiências educativas, melhorias significativas em 5 das 12 dimensões trabalhadas.
Assim, a pesquisa mostra que investir em programas de capacitação melhora a atuação da classe de enfermeiros junto à cultura de segurança do paciente. Além disso, o estudo aponta que após o programa educativo, os profissionais se mostraram muito mais abertos à comunicação, o que indica a capacidade desses agentes em questionar as ações que estão sendo tomadas mantendo a preocupação com o paciente. É um ótimo caminho para que as pessoas percam o receio de abordar inclusive seus superiores quando desconfiam que alguma ação tomada não está de acordo com as melhores práticas colocando o paciente em risco.
Um dos pontos que o estudo não conseguiu observar melhorias está na resposta não punitiva a erros, indicando que é interessante que os executivos de hospitais – principalmente os responsáveis pela formulação de políticas internas – também participem de programas de capacitação a fim de estabelecer melhores respostas e ações caso erros ocorram em suas unidades.
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