A RDC nº 36, da Anvisa, passou a obrigar grande parte dos serviços de saúde a ter um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP). Porém, muitas instituições ainda sentem dúvidas sobre como organizar essas equipes para que possam desenvolver as atividades necessárias.
Um estudo brasileiro de 2019 caracterizou o perfil dos profissionais que atuam nos NSPs analisando se existem variáveis correlacionadas à aplicação de ferramentas de investigação de eventos adversos, um dos grandes motes de atuação dessas equipes.
Para essa análise, foram envolvidos 95 profissionais de 24 hospitais públicos e privados de diversas regiões do Brasil. Esses profissionais – que se dedicavam exclusivamente ao NSP – responderam um questionário com 14 perguntas fechadas sobre perfil demográfico e profissional. Destacamos os principais achados:
- Entre os NSPs analisados, 85% dos profissionais responsáveis pela investigação de eventos adversos eram enfermeiros
- Os outros 15% eram formados por biomédicos, médicos, farmacêuticos, fisioterapeutas e psicólogos
- 83,2% eram mulheres
- Esses enfermeiros têm, em média, 39,5 anos de idade, 14,3 anos de formação profissional e 9,2 anos de atuação na prática assistencial
- 58,8% desses profissionais eram pós-graduados em terapia intensiva e 79% formados em gestão da qualidade
- 100% deles afirmaram já ter feito algum curso de ferramentas de qualidade, sendo que 77,5% disseram já ter feito pelo menos 4 cursos
- A ferramenta para investigação utilizada por 95,8% dos profissionais é o Protocolo de Londres, aplicada de 39 a 63 vezes por cada integrante (a outra ferramenta apontada foi Canadian Incident Analysis Framework)
Um dos principais achados do estudo está na percepção de que em todos os hospitais participantes da pesquisa, os enfermeiros assumiam a liderança do NSP, o que evidencia uma mudança no perfil profissional do enfermeiro que, até meados da década de 1970, estava focado em desenvolver habilidades voltadas à identificação, diagnóstico e planejamento do cuidado de enfermagem.
Porém, a partir dos anos 1990, esses trabalhadores passaram a investir em competências para identificar e intervir nas diferentes situações de saúde com foco em processos de trabalho, monitoramento de resultados e melhoria na qualidade da assistência. Perfil bastante adequado ao profissional do NSP que precisa de uma visão sistêmica para poder realizar uma investigação de um evento adverso.
Referência:
(1) Núcleo segurança do paciente: perfil dos recursos humanos no cenário brasileiro
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