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Diabetes na atenção primária – Acompanhamento pode reduzir incidência de amputações

Diabetes na atenção primária – Acompanhamento pode reduzir incidência de amputações
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Taxa de sobrevida em cinco anos após amputações em decorrência de diabetes chega a ser menor do que a observada em alguns tipos de câncer

Em 31 de outubro, uma matéria do portal Medscape (1) abordou um tema relevante: 38 milhões de pessoas nos Estados Unidos vivem com diabetes e correm risco de amputação de algum membro inferior, o que acontece muito frequentemente após o surgimento de uma lesão que não cicatriza. É o chamado “pé diabético”. Será que as equipes multidisciplinares podem atuar de uma forma mais eficiente a fim de evitar esse desfecho negativo?

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2) temos 16,8 milhões de adultos diabéticos, isso sem contar os inúmeros casos de pessoas não diagnosticadas. Esse número nos torna o quinto país em incidência da doença, o que leva a cerca de 46 amputações por dia.

Considerando que, infelizmente, esse tipo de amputação está associada a uma taxa de sobrevida em cinco anos de apenas 43%, o que é inferior inclusive às taxas de sobrevida de alguns tipos de câncer, é preciso agir para evitar, ao máximo, esse tipo de cirurgia.

Para isso, a publicação do Medscape menciona que a criação de uma equipe multiprofissional que envolva especialistas da medicina como endocrinologistas, cirurgiões vasculares e psicólogos, mas também outros profissionais como podólogos, concentrada em garantir a saúde dos membros inferiores desses pacientes diabéticos pode trazer benefícios factíveis a esses pacientes.

O cenário é comum na oncologia, onde muitos hospitais contam com conselhos profissionais para debate de casos mais atípicos ou graves. E essa troca de conhecimentos leva ao aumento das taxas de sobrevida dos pacientes.

Quando o assunto é diabetes, no entanto, nem sempre os cuidados primários estão tão atualizados a ponto de agir de forma assim, preventiva, mesmo que a ciência já demonstre efetividade em intervenções precoces exames periódicos dos pés, orientação sobre o tipo adequado de sapatos, avaliação de fatores de risco (como polineuropatia diabética, deformidades ósseas, limitações de mobilidade, traumas e histórico prévio de lesões). O próprio Ministério da Saúde no Brasil orienta que pacientes diabéticos devem realizar exame diário dos pés para evitar lesões (2).

Pensando isso, em 2021 foi lançado o Linhas de Cuidado, projeto da pasta voltado à padronização e integração de ações para o tratamento da diabetes e da obesidade na Atenção Primária. O programa traz conteúdos didáticos para profissionais de saúde e para pacientes sobre como obter sucesso no controle da diabetes com atenção permanente, promoção de estilo de vida saudável e mudanças nos hábitos alimentares e no sedentarismo.

Segundo essa cartilha (3), o paciente chega ao SUS, passa pela confirmação diagnóstica, é encaminhado para uma unidade de saúde correspondente à sua necessidade, recebe um planejamento terapêutico e entra na fase de acompanhamento, onde a avaliação completa dos pés é realizada anualmente, mas com indicativo de averiguação em qualquer consulta realizada.

Para melhoria do cuidado

O primeiro passo para melhorar os índices e a qualidade da assistência é entender o cenário nacional, ou seja, saber como é a busca por atendimento pelos diabéticos, como fazer com que eles busquem auxílio de forma precoce, e em quais situações eles enfrentam mais dificuldade. Conhecendo essas barreiras, que envolvem questões socioeconômicas e estruturais, principalmente em um país de dimensões continentais como o Brasil, facilita-se traçar estratégias de mitigação de danos.

Em setembro de 2023, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa promoveu, na Câmara dos Deputados, um seminário (4) sobre diabetes onde alguns dos desafios foram apontados: dificuldade de adesão ao tratamento, longa espera por consultas e falta de acesso a medicamentos.

Na ocasião, as diferenças regionais foram listadas, mostrando que, no caso dos brasileiros, é preciso ter um olhar mais direcionado aos vazios assistenciais. Segundo divulgado no seminário, no Distrito Federal, por exemplo, ha centros especializados e equipes multidisciplinares, porém faltam agentes comunitários e equipamentos. Em contrapartida, em São Paulo a principal barreira está na baixa adesão a consultas e exames periódicos.

Ainda buscando melhorar esse acompanhamento, em 2021, um projeto de lei (PL 1679/21) entrou em debate para inclusão de podólogos nas equipes multiprofissionais de saúde que tratam diabetes no Brasil. O foco era garantir ações de prevenção e tratamento das podopatias causadas pela doença. O texto, no entanto, segue em tramitação e está, hoje, na pauta da Comissão de Saúde.

Referências

(1) As equipes de tratamento do diabetes podem melhorar os desfechos dos pacientes?
(2) 26/6 – Dia Nacional do Diabetes – Biblioteca Virtual em Saúde
(3) Processo Completo da Linha de Cuidado do adulto com DM2
(4) Seminário aponta dificuldades para o tratamento do diabetes

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