Infecções relacionadas a cateter podem ampliar o tempo de hospitalização do paciente e aumentar a mortalidade. Respeitar as normas de higiene é indispensável para prevenir esses eventos. Uma revisão sistemática (1) da Cochrane pesquisou, em 2016, estudos sobre antissépticos para higienizar a pele dos pacientes que receberiam um cateter venoso central.
Porém, de acordo com o time da Cochrane, a qualidade das evidências é muito baixa visto que há falhas nos desenhos dos estudos que envolvem uma amostragem considerada pequena. Apesar de reconhecer ser preciso investir esforços para melhorar essas evidências e a confiança nos resultados, a revisão sugere que a solução de clorexidina pode reduzir a incidência de infecções sanguíneas quando comparada com a solução de iodopovidona. O que eles apontam é que a taxa de infecção foi de 41 casos a cada 1.000 pacientes com a clorexidina e de 64 casos a cada 1.000 com iodopovidona. Um ponto importante destacado pela revisão foi que a clorexidina pode reduzir a presença de microorganismos patogênicos no cateter.
A despeito de muito se discutir sobre a inserção de cateteres venosos centrais, é importante trazer também os cateteres venosos periféricos para a perspectiva de gestão de riscos nos serviços de saúde. Os cuidados com sua inserção e manutenção merecem um olhar especial, pois os acessos periféricos são muito mais frequentes em termos de uso hospitalar. Sobre isso também há dúvida sobre qual antisséptico é melhor utilizar antes da inserção do acesso periférico.
Especificamente quanto a esta questão, um estudo conduzido na França e intitulado CLEAN 3 (2) está comparando qual das duas soluções (clorexidina e iodopovidona) é mais eficiente para fazer a antissepsia da pele antes da inserção do cateter periférico. Este será o primeiro estudo em grande escala que fará esse comparativo.
A perspectiva é a de envolver ao menos 712 pacientes randomizados em quatro grupos. Dois deles com desinfecção da pele com gaze estéril embebida em iodopovidona e os outros dois com clorexidina. Porém as amostras serão divididas de acordo com a marca do cateter utilizado.
São tomadas, também, todas as outras medidas preventivas como remoção de pelos somente se necessário sem utilização de lâmina, apenas com aparador; desinfecção das mãos do profissional de saúde responsável pelo procedimento e utilização de luvas não estéreis; antissepsia da pele do paciente pela fricção da solução por pelo menos 30 segundos; e inserção imediata do dispositivo assim que a pele do paciente estiver higienizada e seca. Durante a utilização do cateter e no ato da remoção, também são adotados protocolos de segurança.
O objetivo é analisar, como desfecho primário, a incidência de infecções relacionadas ao cateter periférico e o tempo entre a inserção do dispositivo e a remoção prematura antes do final do tratamento, exceto quando por substituição de rotina.
Com os resultados obtidos, os autores buscam atualizar as recomendações de prevenção de complicações relacionadas a cateter a fim de melhorar o atendimento e a satisfação dos pacientes. “Esperamos que os dados que serão levantados nos ajudem a traçar políticas para a prática dentro de hospitais e outras organizações de assistência à saúde. O IBSP com certeza trará estes resultados para nossos leitores”, comenta Lucas Zambon, diretor científico do instituto.
Referências:
(1) Antissepsia da pele para redução de infecções relacionadas a cateter venoso central
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