A gestão hospitalar é repleta de desafios diários. Assim como a saúde se baseia em evidências para, então, propor tratamentos e procedimentos a fim de melhorar o prognóstico dos pacientes, dentro do conceito de administração é preciso contar com evidências que apontem, com clareza e assertividade, onde estão as forças e as fraquezas da instituição.
E é nesse contexto que os gestores hospitalares utilizam indicadores para promover sua gestão estratégica. Esses indicadores, números capazes de traduzir resultados que nem sempre são fáceis de serem interpretados, não trazem respostas definitivas ou que não são passíveis de questionamentos, porém podem ser a base de comparativos dentro da própria instituição ou externos, com outras unidades e outras empresas de saúde. E, assim, são capazes de apontar problemas e até mesmo soluções.
Uma pesquisa qualitativa (1) realizada em Santa Catarina, no sul do Brasil, investigou um sistema de indicadores hospitalares e indicou que, em um hospital público, os gestores utilizavam os indicadores como fonte para gerenciamento de recursos escassos, privilegiando o desenvolvimento do conhecimento. Enquanto isso, gestores de um hospital filantrópico utilizavam esses mesmos indicadores para manutenção da sustentabilidade econômica e assistencial, com foco na gestão da qualidade. Em ambos os casos, a pesquisa conclui que compartilhar informações é essencial dentro de uma boa gestão de indicadores.
Falando em indicadores assistenciais, são inúmeras as possibilidades e cada instituição precisa analisar a sua realidade para aplicar sistemas reais e que, de fato, resultem em dados importantes para a gestão hospitalar.
Entre esses indicadores podem estar, por exemplo (1), número de internações; taxa de ocupação de leitos; índices epidemiológicos, de comorbidades e de procedimentos cirúrgicos; e tempo de permanência do paciente na instituição. Esses indicadores são capazes de prover as informações necessárias para que o gestor dimensione a capacidade geral e suas competências de atendimento, inclusive de atendimento especializado; suas equipes, materiais e tecnologias disponíveis; e suas prioridades. Assim, é possível traçar caminhos para estimular a alta e liberar de leitos para novos atendimentos.
Indicadores na enfermagem
Estudos e pesquisas sobre gerenciamento hospitalar reforçam a importância dos indicadores dentro da rotina das instituições de saúde. Artigo (2) disponibilizado pela Revista Brasileira de Enfermagem observou que os enfermeiros reconhecem os indicadores de qualidade como ferramenta de mensuração do resultado assistencial e como fonte de promoção de melhorias contínuas à assistência. Além disso, aponta que esses profissionais enxergam que os indicadores contribuem com a melhor tomada de decisão clínica e com o gerenciamento das boas práticas em saúde.
Publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem, um artigo (3) traz detalhes sobre a utilização de indicadores de desempenho em serviços de enfermagem de um hospital público. Observou-se, então, que a instituição trabalhava com três bancos de dados de indicadores, sendo que um deles era dedicado à enfermagem e considerava pontos como:
1. Incidência de quedas de pacientes
2. Incidência de lesão por pressão
3. Incidência de flebite
4. Incidência de não conformidade na administração de medicamentos
5. Taxa de infecção hospitalar
6. Incidência de extubação não programada
7. Satisfação do paciente
8. Perda de sonda nasogastroenteral
9. Incidência de obstrução de cateter venoso central
10. Taxa de acidente de trabalho de profissionais de enfermagem
11. Distribuição de técnicos e auxiliares de enfermagem x leito
12. Distribuição de enfermeiros x leito
13. Horas de treinamento de profissionais de enfermagem
14. Taxa de absenteísmo de enfermagem
15. Média de permanência
16. Taxa de rotatividade de enfermagem
17. Taxa de mortalidade
18. Taxa de ocupação
Na ocasião, 25 enfermeiros foram questionados sobre quais indicadores eles consideravam realmente importantes e dois deles foram apontados como muito pertinentes por 100% dos entrevistados: incidência de quedas de pacientes e incidência de lesões por pressão. Ao mesmo tempo, menos de 35% dos respondentes consideraram a taxa de ocupação como um indicador de fato relevante. E um detalhe interessante dessa pesquisa é que 65,2% dos enfermeiros entrevistados disseram que o treinamento da enfermagem era um indicador muito pertinente.
Esse detalhamento leva à conclusão de que há predominância, por parte da enfermagem, de indicadores de processos relacionados diretamente à sua área de atuação. Quando esses indicadores migram para questões mais gerenciais ou mesmo multidisciplinares, esse grupo de profissionais continua enxergando sua relevância, mas entende que há necessidade de participação de outros membros da instituição, e não somente dos enfermeiros.
Mentoria IBSP
O Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP) oferece um projeto de mentoria on-line que envolve, inclusive, a gestão de indicadores e performance em saúde. Intitulada “Gestão e Liderança”, essa mentoria traz informações relevantes para que gestores e administradores hospitalares possam apostar em uma gestão estratégica dessas instituições repletas de desafios.
São itens da mentoria “Gestão e Liderança” – além das instruções sobre os indicadores – a governança clínica; a gestão de qualidade, de protocolos e do corpo clínico; a comissão de óbitos; o gerenciamento de enfermagem e modelo assistencial; e a aplicação de huddles como ferramentas para aumentar a consciência situacional. Clique AQUI para saber mais a respeito desta mentoria promovida pelo IBSP.
Referências:
(1) Como Gestores Hospitalares Utilizam Indicadores de Desempenho?
(2) Indicadores de qualidade: ferramentas para o gerenciamento de boas práticas em saúde
(3) Utilização de indicadores de desempenho em serviço de enfermagem de hospital público
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