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Marcela Buscato
Uma associação de médicos britânicos lançou agora em setembro uma iniciativa interessante. A Academy of Medical Royal Colleges, que congrega cerca de 250 mil profissionais do Reino Unido, divulgou um manual para ensinar os médicos a se comunicarem de maneira clara, direta e em uma linguagem acessível a seus pacientes. Enfim, a comunicação como ela deveria ser sempre.
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A ideia é que, após as consultas, os especialistas escrevam uma carta, endereçada ao paciente, explicando o que foi discutido no consultório. É uma maneira de se certificar de que o paciente entendeu todas as informações e, ao mesmo tempo, já preparar a resposta para o clínico que o acompanha. “Os clínicos acham as cartas mais fáceis de entender e passam menos tempo interpretando o conteúdo para o seus pacientes”, justifica o guia “Por favor, escreva para mim”, disponível para download (em inglês). Isso significa que, quando a linguagem é descomplicada, a comunicação fica mais fácil até entre os próprios médicos.
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Escrever cartas retomando as consultas talvez não seja uma prática aplicável à realidade da maior parte dos médicos brasileiros – há inclusive questões de confidencialidade que precisam ser resolvidas antes de incorporar as missivas como parte da relação médico-paciente. O manual inglês recomenda pedir o consentimento dos pacientes antes e, caso sejam enviadas mensagens eletrônicas contendo diagnósticos e resultados de exames, é preciso deixá-los a par dos riscos de segurança.
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Mas as dicas de comunicação do manual não valem apenas para a linguagem escrita. Na verdade, elas apenas formalizam no código escrito a essência de como deve ser a relação médico-paciente, na linguagem escrita ou oral: centrada na compreensão do paciente para que ele possa se tornar protagonista do seu cuidado. Por isso, as recomendações do manual também podem ser incorporados por profissionais brasileiros ou de qualquer outra parte do mundo na comunicação rotineira, cara a cara, com seus pacientes.
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Em um artigo para um blog do British Medical Journal, em que defendem a importância de escrever para o paciente – e não sobre ele, a prática mais comum – o nefrologista inglês Hugh Rayner e colegas citam estudos em que os médicos afirmam que tornaram sua assistência mais centrada no paciente ao escrever relatórios para os pacientes, não para os colegas, e ao se preocupar com que a linguagem e as informações fossem compreensíveis também para leigos. Vale conhecer algumas das dicas:
* Fuja do jargão clínico
– Inchaço nas pernas em vez de “edema periférico”
– Pulso irregular em vez de “fibrilação atrial”
* Evite termos que podem ter diferentes significados para as pessoas
– longo prazo ou persistente em vez de “crônico” evita a conotação “sério”
– curto prazo ou súbito em vez de “agudo” evita a conotação “grave”
* Não use abreviações
– Encaminhe para o departamento de Ginecologia e Obstetrícia, não para a G.O
* Explique abreviações, se forem necessárias
– “O especialista indicou TRC, como é conhecida a terapia de ressincronização cardíaca”
* Faça frases diretas
– “Recomendamos cirurgia do coração” em vez de “Uma cirurgia cardíaca é aconselhada”
– Elas são mais fáceis de compreender e amigáveis
Um novo manual a ensina o médico a deixar os jargões para se comunicar melhor com o paciente e aprimorar o relacionamento com o paciente
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