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10 princípios gerais para um novo modelo de saúde

10 princípios gerais para um novo modelo de saúde
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Assim como qualquer segmento, os sistemas de saúde devem estar em constante adequação à realidade das sociedades. Hoje, por exemplo, vivemos um momento de mudanças geradas por crises pontuais – como a pandemia de covid-19 – e pela evolução da cidadania, que reconhece a importância de uma sociedade mais justa, onde haja equidade no acesso à saúde.

Portanto, repensar o modelo de prestação de cuidados e as premissas da gestão hospitalar são desafios emergenciais. Pensando nisso, um consenso entre sociedades médicas de Portugal e da Espanha identificou quais os principais gargalos e definiu 10 princípios gerais para essa transformação, listando problemas e soluções para a nova era.

Gestão

Muitos dos pontos apresentados no documento têm total sinergia com o cenário brasileiro. Ao enfatizar a importância da integração entre os diferentes níveis de cuidado, a publicação também remete à necessidade de o Brasil colocar a saúde pública e a saúde privada para trabalhar de forma complementar, além de fortalecer a relação de continuidade entre a atenção básica e os atendimentos especializados.

Na sequência, reforça que o formato rígido, onde o atendimento eletivo é feito apenas com base em consultas agendadas com grande antecedência, estimula a busca pelo pronto-socorro, o que não é interessante para a melhor gestão. Inclusive para pacientes crônicos que, diante da dificuldade em conquistar uma assistência contínua, acabam buscando o pronto atendimento diante de situações agudas.

Dentro do cenário hospitalar, o consenso enfatiza que é necessário evitar a internação de pacientes com casos leves ou mesmo para a obtenção de diagnóstico, reservando esses leitos e essa assistência para cenários de real necessidade terapêutica que não seja viável ambulatorialmente. E ainda menciona a importância do treinamento contínuo das equipes médicas para que se tornem, também, gestores focados na sustentabilidade do sistema.

Inclusão de pacientes e cuidadores

Um dos caminhos para melhoria da assistência está no envolvimento de pacientes e cuidadores com as decisões clínicas. Para isso, há alguns pontos de dificuldade, a exemplo do alto grau de analfabetismo em saúde que assola muitas comunidades. Para reverter esse cenário, as equipes de atendimento precisam atuar também na educação desses pacientes.

Inovação digital

Com o advento da tecnologia, hospitais e centros de saúde conseguem apostar na troca eficiente de informações clínicas por meio da telemedicina, um adianto na hora da tomada de decisão. Porém, é preciso lembrar que, no Brasil, um país continental com tantas discrepâncias regionais, a infraestrutura para essa garantia de acesso remoto ainda é desafiadora. Tanto para a troca de informações entre especialistas quanto para o acesso do paciente ao atendimento e aos resultados de exames. Portanto, nesse ponto, há um desafio ainda maior para que a tecnologia consiga chegar nos locais mais remotos da nação.

Por fim, importante enfatizar que tanto a Espanha quanto Portugal têm apresentado bons exemplos de como garantir uma boa assistência à saúde, mas são países com diferenças gritantes no comparativo com o Brasil.

Juntos, os dois países têm pouco mais de ¼ da população brasileira. Em termos de território também há essa divergência. Enquanto o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, Espanha tem 505 mil e Portugal 92 mil. A diferença territorial tem um impacto gigantesco, principalmente em termos logísticos.

Os modelos de saúde pública também são bastante diferentes. Temos, no nosso país, o Sistema Único de Saúde (SUS), fonte de atendimento totalmente gratuita exclusiva de 165 milhões de brasileiros (apenas 49,5 milhões de pessoas têm acesso a convênios médicos no país). Em Portugal, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) não oferece gratuidade total, porém os procedimentos pagos costumam ter valores baixos e acessíveis. Já na Espanha, qualquer trabalhador cadastrado no sistema de Securidad Social, ou seja, que contribui com impostos, tem acesso aos atendimentos.

Independentemente das realidades distintas, entender como essas nações estão trabalhando as mudanças que se fazem necessárias é importante para a tropicalização do conhecimento e, assim, a busca pela melhoria contínua também em território brasileiro.

Referências:

(1) The hospital of today. The Oporto consensus

 

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