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Adoção de medidas preventivas simples na rotina de banho pode reduzir hospitalização por infecção em lares de idosos

Adoção de medidas preventivas simples na rotina de banho pode reduzir hospitalização por infecção em lares de idosos
Adoção de medidas preventivas simples na rotina de banho pode reduzir hospitalização por infecção em lares de idosos
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Estudo avaliou impacto da troca do sabonete de banho de rotina pela lavagem antisséptica com clorexidina e administração de antisséptico nasal 

A segurança do paciente é uma temática que deve ser aplicada a todo o cenário da assistência à saúde, incluindo lares de idosos que recebem, cuidam e prestam atendimento a uma população naturalmente mais debilitada pelo avançar da idade e vulnerável, com alto risco de infecção e hospitalização relacionada com infecções. 

Nos Estados Unidos, estima-se que ocorram, nesses estabelecimentos, de 1,6 a 3,8 milhões de infecções associadas aos cuidados de saúde anualmente (1). Esses dados levam a cerca de 150 mil internações hospitalares e até 380 mil mortes por ano.

No Brasil não temos, até o momento, essa estimativa para análise, porém sabe-se que temos uma população de mais de 20 milhões de idosos e, segundo dados do Governo Federal, 1.965 instituições de longa permanência para idosos habilitadas em todo o território nacional (2). 

Os ambientes desses lares de idosos costumam estar mais suscetíveis à transmissão de patógenos devido à realização de atividades coletivas e sociais, às longas estadias dos pacientes e aos recursos limitados, principalmente dentro da esfera pública.

Tanto que, de acordo com a literatura, a prevalência de transmissão de organismos multirresistentes em lares de idosos é até seis vezes maior do que em hospitais. 

Dentro desse cenário de preocupação global em saúde, um estudo randomizado (1) por cluster avaliou se a descolonização universal nos banhos de rotina em lares de idosos otimizaria a prevenção de infecções e hospitalizações associadas. 

Para isso, foram selecionados 28 lares de idosos de Los Angeles, nos Estados Unidos, que não tinham a rotina de descolonização já implementada.

Esses estabelecimentos foram, então, divididos em dois grupos iguais, sendo que um seguiria com os cuidados habituais e o outro receberia intervenções específicas focadas na prevenção de infecções. 

Entre setembro de 2015 e fevereiro de 2017, os dados de todos os lares de idosos dentro de suas rotinas padronizadas foram computados. Posteriormente, os pesquisadores deram início a um período de introdução progressiva da descolonização no grupo de intervenção que durou quatro meses. A intervenção, em si, levou mais 18 meses, sendo encerrada em dezembro de 2018. 

Os estabelecimentos que implementariam as mudanças receberam treinamento e um kit de ferramentas e protocolos. Enquanto o grupo de controle seguiu com as práticas habituais nos banhos dos idosos assistidos, o grupo de intervenção passou a utilizar descolonização com iodopovidona a 10% (administrado por via nasal duas vezes ao dia durante cinco dias em semanas alternadas e, nos residentes recém-admitidos, duas vezes ao dia nos primeiros cinco dias de admissão) e clorexidina 4% para banho comum e clorexidina 2% para banho no leito em todos os procedimentos.  

O objetivo principal do estudo foi avaliar se essas intervenções impactariam o número de transferências para hospitais devido a infecções. Em ambos os grupos, as transferências de idosos para hospitais representadas por infecções era de cerca de 62%. Enquanto no grupo que manteve a rotina habitual, essa taxa não se modificou, no grupo de intervenção, essa taxa caiu para 52,2%.

Essa queda representou uma queda de 16,6% no risco. Dessa forma, o estudo sugere que a adoção das medidas descritas na intervenção poderia evitar, em um lar de idosos com 100 leitos, que quase duas internações ocorressem a cada 30 dias. O Dr. Lucas Zambon, Diretor Científico do IBSP destaca que:

O NNT ou, Número Necessário para tratar calculado, foi de apenas 9,7, o que é um número excelente. Para quem não está familiarizado com este cálculo, significa dizer que só preciso agir em 10 pacientes para evitar uma internação por infecção, o que é excelente. Acredito que esta medida mereça ser testada em outros cenários.

Em paralelo, no grupo de intervenção, foram anotados 35 possíveis eventos adversos durante o período do estudo, sendo 34 erupções cutâneas potencialmente relacionadas à clorexidina e uma dor de garganta potencialmente relacionada ao antisséptico nasal.

Esses eventos são considerados leves e ocorridos principalmente durante a fase inicial, quando a equipe ainda estava se familiarizando com os produtos utilizados nos procedimentos. 

Referências 

(1) Decolonization in Nursing Homes to Prevent Infection and Hospitalization 

(2) Relação das instituições de longa permanência de idosos habilitadas 

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