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Aumento de internações no hospital impacta desfecho dos pacientes?

Aumento de internações no hospital impacta desfecho dos pacientes?
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Será que há relação direta entre os desfechos dos pacientes e o aumento do número de internações hospitalares? Um estudo (1) publicado na JAMA Network em janeiro deste ano buscava entender se quando os médicos hospitalistas* estão mais atarefados, há aumento do uso de recursos de internação e se essa mudança impacta a saúde dos pacientes.

Para essa análise, os pesquisadores compararam dias mais e menos movimentados em hospitais sempre checando o uso de recursos durante a internação como consultas com especialistas e tempo de permanência e os resultados como alta, readmissão por todas as causas e mortalidade. Foram observadas 754.160 internações conduzidas por 19.428 hospitalistas atuantes em 959 hospitais.

Como resultado observado, dos mais de 210 mil pacientes que foram internados em dias de maior movimento no hospital, nenhum apresentou diferenças significativas em seus desfechos. Interessante notar que esses pacientes utilizaram um pouco menos de recursos, porém permaneceram mais tempo hospitalizados.

Outro estudo (2) mais antigo e mencionado nessa pesquisa buscou determinar a associação entre a carga de trabalho do hospitalista e a eficiência e qualidade da assistência. Publicado em 2014, identificou que o tempo de permanência dos pacientes subiu à medida em que a carga de trabalho dos profissionais aumentou, o que também desencadeava o aumento de custos.

Nos quesitos alta, readmissão e taxa de mortalidade, o estudo deste ano não percebeu alterações significativas.

Obviamente, é preciso reconhecer as limitações de um estudo dessa natureza, que é observacional, com intuito de fornecer ideias e questionamentos que podem ser levantados nas situações estudadas.

Na visão de Lucas Zambon, diretor científico do IBSP, o que podemos refletir com este estudo é que o modelo de médico hospitalista* (como feito nos EUA) tem consistência dentro de um contexto em que as organizações estudadas se moldaram a uma busca por custo-efetividade nos cuidados hospitalares. “Observamos que ainda que dias mais movimentados em termos de admissões se associem a internações um pouco mais prolongadas, não houve demonstração de impactos mais diretos ao paciente como em mortalidade, chance de altas ou readmissões. É importante ressaltar que estes resultados estão dentro de um contexto de sistemas complexos, ou seja, aquilo que é observado tem causalidade múltipla. É difícil isolar o efeito do médico hospitalista sobre desfechos. Temos de considerar todo o cenário da instituição, o que inclui a cultura de segurança, a cultura de melhoria, e a maturidade dos processos e de todos os profissionais”, destaca.

* De acordo com Lucas Zambon, diretor científico do IBSP, o termo “médico hospitalista” foi criado nos EUA para descrever o profissional que atua como generalista dentro de hospitais, prestando cuidado contínuo para pacientes internados, algo diferente do que é feito em muitos lugares no Brasil que adotaram o termo para designar plantonistas para intercorrências em doentes internados. 

Referências:

(1) Comparison of Health Outcomes Among Patients Admitted on Busy vs Less Busy Days for Hospitalists

(2) Effect of Hospitalist Workload on the Quality and Efficiency of Care

 

 

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