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Banho no leito – 56% dos pacientes da UTI experimentam ao menos um evento adverso grave

Banho no leito – 56% dos pacientes da UTI experimentam ao menos um evento adverso grave
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Estudo europeu publicado pelo Critical Care Medicine (1) relata que 56% dos pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) experimentaram pelo menos um evento adverso grave durante o banho no leito. A ação, que integra a rotina das equipes de enfermagem, pode representar determinado risco à segurança de pacientes críticos e, nem sempre, esses incidentes são relatados formalmente na literatura médica disponível. Com essa análise, os pesquisadores buscaram determinar a incidência de cada tipo de evento adverso grave ocorrido dentro desse cenário e, assim, entender quais os potenciais gatilhos.

Foram listados como eventos adversos graves parada cardíaca, extubação acidental, dessaturação de oxigênio e/ou formação de rolha de muco, hipotensão, arritmia, agitação que requer intervenção terapêutica, dor aguda, desconexão acidental e/ou disfunção de equipamentos, e queda do paciente exigindo assistência adicional.

Para fazer essa análise, foram incluídos no estudo 253 pacientes internados em 24 UTIs há menos de 72 horas e que utilizavam ventilação invasiva ou não invasiva, medicação vasopressora, ou oxigenoterapia de alto fluxo. Assim, foram observados 1.529 procedimentos de enfermagem (com duração entre 11 e 20 minutos) realizados entre 1º de maio de 2018 e 31 de julho do mesmo ano.

Além de compreender que 56% dos pacientes foram impactados, o estudo apontou que dos 1.529 procedimentos realizados, 19% foram complicados por um evento adverso grave. Entre os fatores associados a esse incidente estão utilização de protocolo específico, traqueostomia, administração de opioides e o tempo de duração dos cuidados.

No Brasil os pesquisadores também estão atentos à necessidade de implementação de protocolos para aumentar a segurança dos pacientes durante processos de higienização corporal nas UTIs, visto que o banho no leito ajuda a estimular a circulação sanguínea e proporciona um leve exercício à pacientes sem mobilidade, gerando conforto e, inclusive, permitindo uma avaliação do quadro do paciente principalmente quanto a condição da pele, mobilidade articular e força muscular.

Assim, uma revisão sistemática (2) realizada no Rio de Janeiro propõe algumas ações para redução dos riscos. Sugere ser indispensável a elaboração de um planejamento de acordo com as necessidades pontuais de cada paciente visando, sempre, mantê-lo em decúbito lateral pelo menor tempo possível. O tempo, inclusive, soa como um fator de risco e a revisão aponta que todo o procedimento deve durar, no máximo, 20 minutos.

Quando o paciente utiliza algum dispositivo de ventilação, o estudo sugere que o procedimento seja feito em cinco etapas a fim de evitar movimentos bruscos com a cabeça desencadeando a retirada do tubo. As etapas são:

1. Higiene do rosto e da boca
2. Higiene do couro cabeludo
3. Higiene do corpo
4. Higiene das mãos
5. Higiene da genitália

Outro ponto abordado pela revisão está em manter a monitorização dos sinais vitais mesmo diante do banho, visto que alguns pacientes podem apresentar variações: 52% apresentam alternância da frequência cardíaca entre 0 a 10 batimentos por minuto (bpm), em 30% a variação chegou a 20 bpm e em 18% ultrapassou os 20 bpm. Quanto à frequência respiratória, 54% dos pacientes apresentaram diferença menor que 10 incursões respiratórias por minuto (irpm), em 38% a variação foi entre 10 e 20 irpm e em 8% foi acima de 20 irpm.

O texto também faz uma importante menção à privacidade. Ao ser despido para o banho, esse paciente pode se sentir extremamente desconfortável, aumentando seu estresse.

Considerando que a atenção dos profissionais de saúde é um dos principais mecanismos de redução dos incidentes, outro estudo (3) brasileiro apontou que o esgotamento da equipe de enfermagem pode ser fator de risco para problemas ocorridos durante o banho no leito principalmente porque esse procedimento exige esforço físico. Assim, indica ser indispensável uma boa divisão da carga horária das equipes de enfermagem e sugere que os banhos sejam preferencialmente realizados em duplas ou por mais profissionais caso o paciente demande esse esforço conjunto.

Referências:

(1) Adverse Events in Intensive Care and Continuing Care Units During Bed-Bath Procedures: The Prospective Observational NURSIng during critical carE (NURSIE) Study

(2) Patient safety in personal hygiene of ICU patients: systematic literature review for a clinical protocol

(3) Bed Baths: Nursing staff workload and patient safety

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