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Candida auris: melhores práticas para prevenção e controle de surtos envolvem protocolos, higiene e educação continuada

Candida auris: melhores práticas para prevenção e controle de surtos envolvem protocolos, higiene e educação continuada
Candida auris: melhores práticas para prevenção e controle de surtos envolvem protocolos, higiene e educação continuada
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Revisão integrativa divulga estratégias mais eficientes com base em evidências; no Brasil, primeiro caso confirmado ocorreu em 2020 

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), uma a cada três internações pode ser acometida por Candida auris, fungo de difícil identificação, com alta taxa de mortalidade (60%), resistente aos antifúngicos existentes e que pode sobreviver em superfícies inanimadas por até sete dias. 

A infecção atinge principalmente aqueles pacientes com doenças pré-existentes como câncer, diabetes, doença renal crônica, neutropenia e aqueles com HIV positivo, além de pacientes que passaram por procedimentos como cirurgias abdominais ou utilizaram dispositivos invasivos. 

No Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde (1), a primeira infecção por Candida auris foi detectada em dezembro de 2020 em um paciente internado em uma unidade hospitalar da Bahia. Posteriormente, outros casos surgiram também em hospitais baianos e no Recife. Em todas as situações, as medidas foram implementadas e os surtos controlados. 

Uma revisão integrativa da literatura (2) publicada no Brazilian Journal of Health Review e conduzida por pesquisadores de universidades brasileiras em parceria com uma pesquisadora de uma universidade portuguesa buscou compreender quais as principais medidas de intervenção para prevenir e controlar a disseminação da Candida auris nos serviços de saúde, visto ser urgente adotar estratégias para controlar surtos de forma rápida e, assim, diminuir a morbidade e mortalidade, minimizar riscos de exposição, evitar infecções e reduzir o custo da assistência. 

Cinco estudos com nível 4 de evidência publicados em inglês entre 2019 e 2022 foram incluídos e avaliados e, pautada em evidências científicas, a revisão lista, então, as melhores práticas para prevenção e controle da disseminação da Candida auris nos serviços de saúde, sendo elas: 

  • Higienização das mãos com água e sabão ou com produto a base de álcool 70% com técnica adequada e nos momentos adequados; 
  • Precaução de contato nos pacientes infectados ou colonizados, mesmo que somente sob suspeita e sem confirmação laboratorial, preferencialmente em quarto privativo ou em unidades de isolamento; 
  • Disponibilização de EPIs que devem ser colocados e retirados adequadamente pelos profissionais de saúde, sendo que luvas e aventais devem ser descartados imediatamente após o contato com pacientes infectados ou colonizados; 
  • Limpeza e desinfecção das superfícies de forma adequada, sendo que o hipoclorito de sódio e o peróxido de hidrogênio apresentaram mais eficácia do que o álcool a 70%, o ácido acético, a luz ultravioleta e o quaternário de amônia; 
  • Rastreamento e monitoramento por meio de um programa entre o laboratório de microbiologia e a equipe de controle de infecções para identificação precoce de pacientes colonizados ou infectados e vigilância contínua das taxas de infecção; 
  • Educação continuada para disseminação das principais medidas de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde e divulgação de protocolos padronizados, enfatizando os de higienização das mãos, uso correto de EPIs e técnicas de limpeza e desinfecção; 
  • Colaboração multiprofissional com participação ativa de todos os atuantes, incluindo a alta gestão. 

Neste sentido, o Dr. Lucas Zambon, Diretor Científico do IBSP, comenta:

Não se trata de nenhuma medida complexa ou de altíssimo custo. É a consistência de sua aplicação, dentro de um contexto forte de Cultura de Segurança do Paciente, que permite minimizar o risco de infecção por Candida auris em instituições de saúde.

Notificação: caminho para maior controle e definição adequada de estratégias 

A notificação de todo evento adverso é importante para que os serviços de saúde e governos possam elaborar estratégias com base em dados reais a fim de melhorar a qualidade da assistência e a segurança dos pacientes. Quando o assunto é a infecção por Candida auris, infelizmente ainda há muitas falhas pelos sistemas de saúde no mundo.  

De acordo com a publicação, por exemplo, muitos países europeus não têm como obrigatoriedade a notificação desses casos, mesmo que algumas nações, a exemplo de Portugal, tenham condições de identificar o fungo e fazer a notificação adequada. 

No Brasil, a Nota Técnica 02/2022 (3) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta sobre a prevenção e o controle da Candida auris e enfatiza a importância da notificação nacional de surtos infecciosos ao órgão competente o mais rápido possível para ser acionada uma força tarefa de apoio às ações de vigilância e controle de forma ágil. É com esse processo que os surtos são controlados com rapidez, evitando a disseminação do fungo. 

Referências

(1) Identificação de caso de Candida auris no Brasil 

(2) Prevenção e controle de infecção por Candida aurisem serviços de saúde: contribuição da revisão integrativa da literatura 

(3) Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANMVISA 02/2022 

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