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Candida auris – O que profissionais de saúde precisam saber

Candida auris – O que profissionais de saúde precisam saber
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IBSP: Segurança do Paciente - Candida auris – O que profissionais de saúde precisam saberNo dia 9 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um segundo alerta (1) confirmando a suspeita de um caso de Candia auris no Brasil.

O fungo, identificado em amostra de ponta de cateter de um paciente adulto internado em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital na Bahia, representa uma séria ameaça à saúde pública já que apresenta, por muitas vezes, resistência a vários medicamentos antifúngicos comumente utilizados para tratar infecções. Segundo relatado pela própria Anvisa, estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes ao fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

O alerta principal está relacionado ao fato de que o microrganismo pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades.

Diante desse cenário de confirmação, o que os profissionais de saúde devem saber para contribuir com o sistema, evitando que o fungo se espalhe e desencadeie uma crise? Para entender melhor quais devem ser as principais ações diante de um quadro como esse, conversamos com a médica infectologista Bianca Miranda.

Segundo a especialista, são três as principais atitudes esperadas dos profissionais de saúde nesse momento. “É preciso identificar rapidamente o microrganismo, ou seja, estar alerta ao diagnóstico; investir no tratamento correto utilizando as drogas com menor chance de resistência; e instituir imediatamente as precauções de contato para que não se criem fontes de disseminação do fungo no ambiente hospitalar”, explicou.

É importante enfatizar que o diagnóstico do Candida auris não é tão simples, já que dependendo do método laboratorial que está sendo usado, o fungo pode ser confundido com outros microrganismos. “Muitos laboratórios têm métodos automatizados de detecção microbiológica, porém não são métodos tão específicos. Assim, o Candida auris pode ser confundido com outros tipos de leveduras, levando a um diagnóstico equivocado”, diz Bianca pontuando que é mais comum a confusão do Candida auris com Candida haemulonii e Saccharomyces cerevisiae.

Tão importante é o diagnóstico preciso nesse tipo de situação que a Anvisa inicialmente soltou um primeiro alerta (2) de suspeita com resultados de exames realizados no Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz (LACEN/BA) e no Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) para, dois dias depois, anunciar a confirmação do resultado por sequenciamento genético feito no Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI-UNIFESP). “Justamente por isso que todas as espécies de leveduras que podem ser confundidas com Candida auris devem acender um alerta”, comenta Bianca.

Após o diagnóstico e o início do tratamento, as medidas de precaução de contato são fundamentais para evitar que esse microrganismo circule pela instituição hospitalar colocando, em risco, os pacientes internados. Segundo Bianca, profissionais de saúde saudáveis não correm risco, porém, caso as medidas não sejam seguidas, podem se transformar em fontes de contaminação. “O problema é o profissional de saúde atuar como um meio de disseminação para outros pacientes dentro do hospital, colocando em risco principalmente aqueles que estão debilitados, com imunossupressão, que utilizam dispositivos invasivos ou passarão por procedimentos cirúrgicos. Os doentes são suscetíveis, os saudáveis não adoecem”, relata.

Outro ponto relevante está no fato de que qualquer microrganismo semelhante a Candida auris que foi identificado deve ser comunicado às autoridades sanitárias.

Segundo recomendado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos (3), todos os atuantes em saúde devem saber quando suspeitar de uma infecção por Candida auris, relatando rapidamente os casos identificados; devem adotar medidas amplas de higiene, reforçando a lavagem das mãos e o uso de aventais e luvas para evitar a propagação do fungo; e devem reforçar a limpeza dos quartos com produtos sanitizantes capazes de combater o microrganismo (detergentes comuns não são capazes de eliminá-lo).

Referências:

(1) Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa nº 02/2020

(2) Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa n o 01/2020

(3) Candida auris: A Drug-resistant Germ That Spreads in Healthcare Facilities

 

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