Estima-se que anualmente cerca de 11 milhões de pessoas morrem devido à sepse no mundo
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos lançou recentemente o “Hospital Sepsis Program Core Elements: 2023 (Elementos Essenciais para o Programa de Sepse Hospitalar: 2023)”.
Esse programa é direcionado aos profissionais de saúde, hospitais e sistemas de saúde que lideram esforços para aprimorar a gestão hospitalar e os resultados relacionados à sepse.
Uma liderança eficaz é necessária para envolver a expertise multidisciplinar exigida para apoiar o cuidado de pacientes com sepse, conforme detalhado no documento.
A sepse é definida como uma “disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção”.
Embora muitas vezes associada a infecções bacterianas, a sepse pode resultar de infecções de qualquer etiologia, incluindo infecções virais como a COVID-19. A sepse é uma das principais causas de hospitalização e mortalidade hospitalar, contribuindo para mais de um terço de todas as mortes hospitalares.
Nos Estados Unidos, estima-se que ocorram anualmente cerca de 1,7 milhão de hospitalizações de adultos devido à sepse, das quais 350.000 resultam em morte hospitalar ou encaminhamento para cuidados paliativos. No Brasil estima-se que ocorram 240.000 mortes por ano nas nossas UTIs devido à sepse.
Além de ser um grande fator de mortalidade hospitalar, a sepse também contribui para a ocorrência de incapacidades. Pacientes que sobrevivem à hospitalização por sepse têm um risco aumentado de resultados de saúde negativos, incluindo o desenvolvimento de novas morbidades, incapacidade de retornar ao trabalho, readmissão hospitalar e morte.
Devido ao peso da morbidade e mortalidade causadas pela sepse, a Organização Mundial da Saúde reconheceu a sepse como uma prioridade de saúde global em 2017.
No entanto, apesar do fardo da sepse e da importância do tratamento precoce, o conhecimento da comunidade sobre a sepse permanece baixo. Esforços são feitos para melhorar a identificação, o manejo e os resultados da sepse.
Ao longo das últimas duas décadas, várias iniciativas foram implementadas para aprimorar a identificação, o manejo e os resultados da sepse.
Em 2004, a “Campanha Sobrevivendo à Sepse” publicou pela primeira vez diretrizes internacionais para o manejo da sepse, e tem emitido atualizações a cada quatro anos desde então.
Recentemente, houve um interesse crescente no uso de suporte à decisão clínica para facilitar o reconhecimento e tratamento da sepse. No entanto, ainda é necessário mais trabalho para melhorar a precisão, usabilidade e o impacto clínico das inteligências artificiais no apoio à decisão para a sepse.
Apesar das diretrizes baseadas em evidências, das iniciativas de melhoria da qualidade em grande escala e do crescente interesse no suporte à decisão clínica, ainda há muito a ser feito para garantir o cuidado ideal da sepse nos hospitais.
A sepse é uma condição complexa que requer coordenação entre múltiplos locais e disciplinas de cuidados clínicos, sendo adaptada a infecções específicas e apresentações clínicas.
Vários fatores são cruciais para melhorar a entrega de práticas recomendadas para a sepse, incluindo o conhecimento da equipe de saúde sobre o que fazer e por que, a compreensão dos riscos e benefícios dos tratamentos, a colaboração entre equipes, o sentimento de empoderamento e apoio da equipe de saúde e o fornecimento adequado de pessoal nos hospitais.
Este documento resume os elementos essenciais dos programas de sepse hospitalar, destinados a monitorar e otimizar a gestão hospitalar e os resultados da sepse.
Esses elementos complementam as diretrizes existentes para a sepse e auxiliam na implementação das práticas de cuidados recomendadas pelas diretrizes, aplicáveis a uma ampla gama de pessoas com sepse, incluindo adultos, crianças e pessoas grávidas ou pós-parto.
Não há um modelo único para um programa de sepse hospitalar, pois a tomada de decisões na identificação e manejo da sepse é complexa e a epidemiologia da sepse e as populações de pacientes atendidas pelos hospitais variam.
No entanto, programas de sepse podem ser implementados com eficácia em uma ampla variedade de hospitais e sistemas de saúde, e essas orientações apresentam os principais elementos de programas eficazes.
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