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Cirurgia robótica: médico precisa fazer habilitação e operar constantemente

Cirurgia robótica: médico precisa fazer habilitação e operar constantemente
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Em dez anos, a maioria das operações será realizada com auxílio da robótica. Isso requer treinamento constante da equipe envolvida

 

Cirurgia Robótica

É um caminho sem volta. A cirurgia robótica é uma realidade no exterior e no Brasil ganha espaço a cada dia. Mas o que ela traz em termos de segurança? São inúmeros valores, principalmente relacionados aos benefícios ao paciente. Evita traumatismo. Diminuiu a dor.

“A recuperação do paciente é mais rápida e o uso de analgésico é menor”, salienta o Dr. Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, gastroenterologista, médico cirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, presidente do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e do Núcleo de Robótica da Associação Paulista de Medicina.  “O cirurgião, para manter a prática, precisa operar pelo menos uma vez por semana com o robô. Isso se faz necessário do mesmo modo que o comandante de avião necessita estar sempre pilotando, pois necessita constantemente de aperfeiçoamento com simuladores, para evitar desastres”, completa.

A seguir, confira a entrevista exclusiva do Dr. Macedo ao IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente.

IBSP – O que envolve uma cirurgia realizada com robôs?
Dr. Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo – Em termos gerais, o treinamento do cirurgião com simuladores, possibilidade de auxílio ativo de cirurgião treinado, através de dois consoles de cirurgia. Além disso, também é preciso levar em conta o sistema ótico em três dimensões, com ótica estável, e pinças controladas pelo cirurgião, que filtram os movimentos do tipo tremor.

IBSP – Além de maior precisão cirúrgica, a máquina consegue fazer manobras delicadas que não seriam possíveis com os instrumentos tradicionais, diminuindo o trauma e a dor na região?
Dr. Macedo – Sim. O robô, devido à mobilidade das pinças, evita muito o traumatismo da parede abdominal e a dor.

IBSP – A recuperação do paciente é mais rápida?
Dr. Macedo – A recuperação do paciente é mais rápida e o uso de analgésico é menor.

IBSP – Quanto tempo o médico leva para ter proficiência e operar seguramente?
Dr. Macedo – O tempo para habilitar um cirurgião para operar com robô implica em:
– 40 horas de trabalho em simulador;
– Acompanhar como observador um cirurgião já treinado em dez procedimentos;
– Realizar o exame de habilitação em um centro credenciado;
– Operar os primeiros casos, sempre acompanhado por um cirurgião já credenciado e habilitado.

IBSP – Quais procedimentos podem ser feitos com robô?
Dr. Macedo – Todas as cirurgias que são feitas por laparoscopia podem se realizadas com uso do robô. Salientam-se as reoperações e as cirurgias mais complexas de natureza oncológica. Ele é particularmente útil na linfadenectomia, cirurgia do câncer reto baixo, cirurgia do pâncreas, cirurgia fígado, esôfago e estômago.

IBSP – Como é o uso de robôs em cirurgias oncológicas, como do câncer de próstata?
Dr. Macedo – O uso do robô tornou-se o padrão ouro na cirurgia de câncer de próstata. Assim, nos países desenvolvidos que adotam a metodologia robótica, em 95% de pacientes com câncer de próstata a cirurgia é realizada com robô.

IBSP – A cirurgia robótica em urologia e ginecologia torna os procedimentos pouco invasivos, mais seguros e precisos. Essa técnica minimiza riscos e agiliza a recuperação do paciente?
Dr. Macedo – Sim, tanto em urologia quanto em ginecologia o uso do robô tornou-se uma rotina na cirurgia minimamente invasiva. Entretanto, vale salientar todo o conceito de precisão, agressão mínima, menos dor e recuperação mais rápida, depende muito do treinamento do cirurgião. Assim, como o número de cirurgias realizadas, acompanhado por um cirurgião experiente, ou seja, o robô não realiza cirurgias, ele apenas reproduz os movimentos que o cirurgião orienta a maquina. Daí a importância em simuladores e a experiência constante com a máquina.

IBSP – Qual a frequência que o médico precisa operar com robô para garantir a segurança do paciente?
Dr. Macedo – É impossível um cirurgião operar com o robô de modo eficiente sem estar usando a máquina pelo menos uma vez por semana. Recomenda- se ainda que quando o paciente for operar, tem que verificar se a equipe que irá proceder a cirurgia usa com frequência o robô.

IBSP – Como são os custos dessas cirurgias robóticas?
Dr. Macedo – Os custos da cirurgia robótica ainda são bem elevados, mas em termos de economia de saúde as seguradoras já estão avaliando, pois há redução de tempo de internação e de UTI, além de que o uso de transfusão sanguínea faz com que o uso da máquina de modo competente reduza os custos de modo geral.

IBSP – Em suma, a cirurgia robótica já é uma realidade. E deve se firmar como o futuro da medicina?
Dr. Macedo – A cirurgia robótica é uma realidade no campo cirúrgico por que contempla o avanço tecnológico do computador na área de cirurgia. O futuro é promissão, pois diversas plataformas robóticas estarão disponíveis, o que irá baratear os custos. Acredito que em dez anos a quase totalidade das cirurgias será realizada com auxílio da robótica.

 

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