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Como aumentar a efetividade dos alertas nas prescrições eletrônicas

Como aumentar a efetividade dos alertas nas prescrições eletrônicas
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Alertas em Prescrições Eletrônicas

 

Lucas Santos Zambon

 

O uso de prescrições eletrônicas pode ser considerado um marco em termos de segurança do paciente. Talvez o principal ganho seja a legibilidade, já que evita erros de interpretação das terríveis caligrafias médicas. Mas outras vantagens são evidentes, como a possibilidade de limitar as dosagens ou ainda adequar frequência e vias de forma fixa.

Mas nem tudo é perfeito. Um artigo publicado no Journal of Hospital Medicine mostra claramente o quanto devemos ser céticos em relação aos alertas para médicos nas prescrições eletrônicas que podem ser formatadas para aparecer na tela da prescrição, como “paciente alérgico ao medicamento X”, “risco de evento adverso do medicamento Y”, “risco de interação medicamentosa entre X e Y”, e “medicação X prescrita em duplicidade”. Reconhecidas como uma importante ferramenta de segurança do paciente, estes alertas podem não ser tão efetivos quanto parecem.

Isso porque um estudo feito no hospital Johns Hopkins Bayview Medical Center comprovou que raramente o médico se importa com o aviso. Durante o período de sete meses deste estudo, ocorreram 40.391 alertas em prescrições de medicação. Destes, 47% foram advertências de duplicidade (mesmo medicamento prescrito duas vezes na mesma receita), 47% foram avisos de interação medicamentosa entre dois medicamentos prescritos, 6% foram avisos de alergia a um medicamento que foi prescrito, e 0,1% foi aviso de risco de reações adversas.

O principal resultado do estudo é, no mínimo, preocupante: apenas 4% dos avisos foram aceitos, ou seja, apenas quatro em cada cem alertas motivaram a mudança por parte do médico que estava prescrevendo a receita.

 

Alertas aceitos

Com base nos fatores que potencializaram a chance dos alertas serem ou não aceitos, é possível traçar um plano com ideias de boas práticas.

 

Que fatores aumentaram a chance do alerta ser aceito?

  1. O paciente ser do sexo masculino;
  2. O paciente estar internado em outro serviço que não o de clínica geral (talvez clínicos gerais conheçam melhor questões relacionadas aos medicamentos do que especialistas);
  3. O médico prescritor não ser residente (talvez médicos mais experientes tendam a escutar mais avisos);
  4. Se a medicação era parenteral (talvez medicações sendo administradas por veia gerem mais dúvidas por parte do médico);
  5. O fato de haver poucos alertas na mesma prescrição (talvez muitos alertas acabem banalizando a existência desses alertas);
  6. E se os alertas eram dos tipos “alergia” ou “reação adversa” (este tipo de alerta motiva mais uma mudança de prescrição do que os outros que foram utilizados).

E quais fatores se associaram com o não aceite do alerta?

  1. O paciente ter idade avançada (o médico deve ficar menos motivado a mudar a prescrição de um paciente idoso);
  2. Maior tempo de internação (o médico tende a mudar menos uma prescrição em curso há muito tempo);
  3. Se o medicamento do alerta pertencia à lista de medicações de alto risco do Institute for Safe Medication Practices (talvez medicações de alto risco não possam ser retiradas ou substituídas se a necessidade de uso é muito grande);
  4. Se o alerta era do tipo “interação medicamentosa”(provavelmente o médico assume o risco frente ao benefício do uso da medicação, e além disso, há interações de diferentes riscos, e a maioria é possivelmente mais leve).

 

Referência

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