Engajamento do paciente reduz riscos, danos e aumenta a segurança

05/09/2023

Estudos mostram resultados positivos de envolver pacientes e familiares nos cuidados; tema foi escolhido pela OMS para o Dia Mundial da Segurança do Paciente em 2023

Envolver e capacitar os pacientes e suas famílias como forma de apoio à jornada do cuidado seguro é um dos tópicos elencados no Global Patient Safety Action Plan 2021–2030 (1). Tanto que o tema foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para comandar as ações do Dia Mundial da Segurança do Paciente em 2023, já que com envolvimento significativo, é possível reduzir a carga de danos em até 15% (2).

Em setembro de 2019, a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), por meio da Patient Safety Network, publicou um extenso artigo (3) sobre o assunto. Na ocasião, os autores enfatizam que os esforços para que os pacientes tenham maior participação no ciclo de cuidados estão concentrados em três frentes: detecção de eventos adversos, capacitação para cuidados seguros e envolvimento para melhoria da cultura de segurança.

A publicação relembra um estudo realizado em ambiente hospitalar no qual foi descoberto que, frequentemente, pacientes relatavam erros que não tinham sido detectados pelos mecanismos tradicionais como, por exemplo, a revisão de prontuários.

Há, inclusive, um estudo realizado em unidade de terapia intensiva que demonstra que intervenções que incluem o envolvimento do paciente e de seus familiares podem melhorar a cultura de segurança.

Paralelamente ao incentivo ao engajamento dos pacientes, há um ponto de atenção: não é aconselhável colocar, sobre os pacientes e seus familiares, o peso de responder pela sua segurança. Isso porque existem pesquisas que mostram que alguns pacientes se sentem culpados por erros acontecidos durante a assistência.

Contudo, o Dr. Lucas Zambon, Diretor Científico do IBSP, afirma:

Engajar pacientes e seus familiares quanto ao cuidado prestado é algo com um potencial tremendo se pensarmos nos potenciais benefícios para a segurança do paciente.

Ações para engajamento dos pacientes

A AHRQ mantém, em seu portal na web, um documento chamado “20 dicas para ajudar a prevenir erros” (4), voltado, especificamente, para pacientes. Nesse material, que está disponível em inglês, especialistas listam sugestões para que o paciente contribua com a segurança da medicação, da cirurgia, da internação e de outras etapas do cuidado.

Entre as recomendações estão, por exemplo, garantir que todos os médicos envolvidos na assistência tenham acesso à lista de medicamentos que está sendo administrada, que as alergias e reações adversas prévias a medicamentos sejam sempre relatadas, que todas as dúvidas sobre a administração de medicamentos em casa sejam sanadas durante a consulta, que, durante a internação, o paciente questione aos profissionais de saúde se eles lavaram as mãos, e que os procedimentos cirúrgicos estejam sempre alinhados junto aos médicos clínicos e cirurgiões.

Outra iniciativa, dessa vez da The Joint Commission, auxilia pacientes e cuidadores desde 2002 a manter os cuidados seguros. Trata-se do programa Speak Up (5), que traz infográficos, ilustrações e vídeos animados sobre assuntos diversos relacionados à segurança, muitos deles em inglês e também em espanhol. Eles abordam saúde mental, vacinas, telessaúde, anestesia, sedação, antibióticos e muitos outros tópicos.

Sob o slogan “Elevar a voz dos pacientes”, a OMS vem desenvolvendo trabalhos que influenciam todas as partes interessadas, desde pacientes e familiares até formuladores de políticas públicas, líderes da saúde, profissionais do setor e organizações, para um trabalho colaborativo onde intervenções de segurança aumentem esse envolvimento e, por consequência, contribuam com uma assistência mais segura e de mais qualidade.