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Medicamentos de alto risco: medidas da OMS para prevenção de erros de medicação

Medicamentos de alto risco: medidas da OMS para prevenção de erros de medicação
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um novo relatório técnico sobre Medicação Segura em Situações de Alto Risco (1). O objetivo da publicação é ajudar as instituições e os profissionais de saúde a identificar as circunstâncias que aumentam as chances de erros de medicação, principalmente aqueles que envolvem medicamentos de alto risco, isto é, com potencial para causar danos graves. As situações de alto risco são causadas por três tipos de fatores, que podem ocorrer isoladamente ou em conjunto (continua).

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Infografia com os tipos de medicamentos de alto risco, segundo classificação da OMS (IBSP)

Fatores do profissional e paciente

 O primeiro aspecto se refere a problemas envolvendo o profissional e o paciente. O prescritor pode cometer erros na prescrição, ao receitar medicamentos quando não são necessários ou o contrário, ao privar o paciente de uma droga que seria necessária. Há ainda a prescrição do medicamento errado, na dose errada, pela via errada e pelo tempo errado. Os fatores mais comuns associados ao paciente são a existência de comorbidades, a polifarmácia, a dificuldade de aderência ao tratamento. 

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Fatores do sistema e ambiente

O segundo fator que predispõe a situações de alto risco está associado a características do ambiente e do sistema: profissionais sobrecarregados, interrupções no momento de preparar e administrar drogas, falta de protocolos de segurança, sistemas que não são à prova de erros – uma lista extensa para a qual o novo relatório da OMS aponta algumas soluções. O download da publicação pode ser feito ao final da reportagem (em inglês).

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Fatores da medicação: medicamentos de alto risco

O terceiro fator que aumenta a chance de danos graves em razão de erros de medicação é o tipo de droga. Os medicamentos de alto risco causam consequências importantes se administrados ao paciente errado, pela via errada ou em dosagem errada. 

Medidas para evitar erros associados aos medicamentos de alto risco talvez sejam as mais fáceis de colocar em prática imediatamente. Envolvem fazer avaliações de risco para cada droga e padronização de processos, como separação física em locais distintos, além de reforçar a documentação, com a confecção de rótulos que permitam fácil distinção.

A seguir, algumas dos medicamentos de alto risco, segundo avaliação da OMS, em razão do seu potencial para causar danos, e algumas ações para mitigar os riscos.

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Medicamentos de alto risco: medidas de segurança

ANTI-INFECCIOSOS
– aminoglicosídeos: doses devem ser calculadas com base no peso e função renal do paciente. Ajustes podem ser feitos a partir da concentração sérica
– anfotericina B: separar fisicamente o local de armazenamento das diferentes formulações e usar alertas e sinais nos rótulos para marcar a diferença

POTÁSSIO E DEMAIS ELETRÓLITOS (magnésio, cálcio, solução hipertônica de cloreto de sódio)
– fazer avaliação de risco para verificar se é necessário e apropriado manter ampolas no estoque de áreas críticas. Caso sim, elaborar protocolo de armazenamento seguro e preparação
– em alas gerais, remover os estoques se não forem necessários e considerar reposição com soluções pré-formuladas
– realizar avaliação periódica para garantir que as ampolas e soluções pré-formuladas estão guardadas separadamente e que são facilmente diferenciáveis pela embalagem e rótulo

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* INSULINA
– na prescrição, evitar abreviações e instruções ambíguas sobre dose
– guardar insulinas em local diferente de vacinas e de outros produtos que com embalagens ou com nomes parecidos. De preferência, em geladeiras diferentes

* NARCÓTICOS E SEDATIVOS
– em unidades neonatais, elaborar protocolos e checklists claros sobre preparação e administração de morfina intravenosa
– considerar uso de seringas prontas e de bombas de infusão

* QUIMIOTERÁPICOS E IMUNOSSUPRESSORES 
– padrão de segurança de prescrição, uso e monitoramento de quimioterapia parenteral deve ser usado também na oral

* HEPARINA E OUTROS ANTICOAGULANTES
heparina não fracionada (HNF): todos os pacientes devem passar por teste de tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) antes do início do tratamento. Contagem de plaquetas também deve ser feita antes do início da terapia e repetida se o tratamento for maior do que quatro dias
heparina de baixo peso molecular (HBPM): o peso do paciente é usado para calcular a dose, por isso, deve ser preciso, e a pesagem refeita ao longo do tratamento. Peso deve ser destacado no prontuário. Levar em consideração a função renal
antagonistas da vitamina K (varfarina): fazer avaliação de risco antes de começar o tratamento e repeti-la anualmente, discutir com o pacientes implicações de longo prazo. Determinar tempo de protrombina ou RNI. O RNI deve ser medido regularmente. Softwares para cálculo da dosagem devem ser usados. Preparar materiais de educação dos pacientes
novos anticoagulantes orais (rivaroxabana, dabigatrana, apixabana): fazer avaliação de risco antes de começar o tratamento. Calcular clearance de creatinina e documentar. Monitorar função renal pelo menos anualmente e a cada três ou seis meses, no caso de declínio. Salientar essas informações em transições do cuidado. Educar o paciente sobre riscos e para reconhecer sangramentos

* ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES (AINEs)
– reconsiderar a prescrição indiscriminada, especialmente para pacientes com risco aumentado de sangramento gastrointestinal, doenças renais e cardiovasculares, idosos
– se for necessário, usar a menor dose possível durante o menor tempo possível
– avaliar a necessidade da administração de protetores gástricos, especialmente em pacientes com maior risco de sangramento gástrico e quando o uso for de longo prazo

* PARACETAMOL (acetaminofeno)
– atenção especial no cálculo e preparação da dose para crianças. Considerar se o paracetamol deve presente em outros medicamentos administrados no mesmo período

* LÍTIO
– manter registro dos níveis séricos de lítio durante todo o tratamento. Prescritores e farmacêuticos devem verificar se os exames foram  realizados regularmente antes de repetir prescrição e dispensação do medicamento
– desenvolver mecanismos para identificar interações medicamentosas

 

Referências

  1. (1) Medication Safety in High-risk Situations. Geneva: World Health Organization;
    2019 (WHO/UHC/SDS/2019.10). Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.

 

Conheça as drogas que podem levar a danos graves e as ações recomendas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar erros de medicação

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