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Medicina hospitalar tem amplo caminho pela frente no Brasil

Medicina hospitalar tem amplo caminho pela frente no Brasil
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O que falta para o Brasil, em termos de medicina hospitalar, é conhecimento e remuneração adequada

 

Medicina Hospitalar em Foco

Colocar o paciente no foco do atendimento pode parecer óbvio. Mas, na prática, sabe-se que a realidade que vemos nos hospitais nem sempre é o ideal. O modelo de medicina hospitalar, amplamente difundido nos Estados Unidos, é o que muitos médicos e hospitais lutam para que seja implementado no Brasil. Ainda não é realidade, mas há provas de que isso dá certo.

“Muitos já compreendem a proposta e percebem a importância de colocar o paciente no centro do cuidado, com foco em mais hospitalistas atuando como coordenadores deste cuidado e da relação entre paciente e diversos outros entes da complexa assistência hospitalar”, diz Guilherme Brauner Barcellos, pioneiro no Brasil na promoção do médico hospitalista e, atualmente, coordenador do Programa de Medicina Interna Hospitalar do Hospital Divina Providência. “Há, porém, gestores que não compreendem os rumos da medicina hospitalar, que costumam ser os mesmos que não colocam o paciente no centro do cuidado. O médico e suas subespacialidades médicas não são o centro de tudo, como clientes principais do hospital”, completa Barcellos, que foi o primeiro médico que não trabalha nos EUA a titular-se Fellow da Society of Hospital Medicine, e o primeiro brasileiro Senior Fellow in Hospital Medicine.

IBSP – O médico hospitalista precisa abrir mão de atender em consultório?

Guilherme Brauner Barcellos – Não necessariamente. Mas não vejo maneiras de perseguir excelentes resultados sem ao menos um profissional que se dedique ao menos um turno inteiro para a organização. Respondemos isto aqui em outro momento:

IBSP – Como os hospitais trabalham para remunerar adequadamente esse profissional

Barcellos – A remuneração também não tem uma regra única, nos EUA e no Brasil. Há lá, e já acontece aqui, uma crescente contratação de médicos pelos hospitais. Mas muitos hospitalistas ainda atuam independentes, ganhando dos convênios. Vem crescendo ainda novos modelos de remuneração, com maior integração entre todos os atores (hospitais, fontes pagadoras e médicos), inclusive compartilhamento de riscos. Ron Grenno, que palestra no evento próximo, abordará pagamentos por bundles.

IBSP – Na prática, como o hospitalista ajuda o gestor a poupar recursos de manutenção das instituições?

Barcellos – Na instituição em que trabalho, havia um importante problema com alta média de tempo de permanência e giro reduzido. Concomitantemente, necessidade de maior produção (aumento de receitas), que não poderia depender da abertura de novos leitos, por barreiras físicas existentes para ampliação. Qual foi a solução? Ao reduzirmos drasticamente tempo de permanência, ao aumentarmos o giro, e ao aumentarmos o ticket médio diário, foi como se construíssemos novos leitos e os utilizássemos melhor, sem serem de fato físicos, mas resultado de eficiência.

IBSP – Qual é o ganho para os demais profissionais quando se tem um médico hospitalista na equipe?

Barcellos – Via de regra, há aumento de satisfação de todas as profissões paramédicas, bem como de cirurgiões. Isto aparece em publicações de alto impacto, survays e diversos relatos de experiências. Em meu case, no HDP, não conseguimos captar aumento da satisfação da enfermagem, e acho importante registrar isto para contar que, quando serviços complementares, como atuação em time de resposta rápida, geram conflitos entre os gestores envolvidos, podem mais atrapalhar do que ajudar a atividade core de um programa de hospitalista.

 

IBSP – O modelo norte-americano é uma referência para o Brasil

Barcellos – O que vejo é o mau uso do modelo aqui, com inserção de hospitalistas em tarefas predominantemente pouco nobres, com baixo grau de autonomia ou eminentemente burocráticas. Isto já ocorreu e segue acontecendo nos EUA e outros países. Por outro lado, temos bons exemplos de programas no Brasil fazendo exatamente o que fazem hospitalistas que se destacam nos EUA.

IBSP – Quais os maiores desafios de um médico hospitalista no Brasil?

Barcellos – São dois os principais:

  1. Conhecimento, skills para atuação não clínica: ao menos noções básicas de melhoria da qualidade e segurança do paciente. Não há praticamente isto em nossas graduações ou residências; havendo necessidade de organizações como o IBSP formar ou aprimorar médicos que já estão no mercado (cursos de qualidade e segurança), além de lutarmos para incorporação destes temas ao currículo das graduações e residências médicas.
  2. Remuneração: para garantir o tipo de vínculo e envolvimento pretendido.

 

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