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Outubro Rosa: a importância do rastreamento e da detecção precoces do Câncer de Mama 

Outubro Rosa: a importância do rastreamento e da detecção precoces do Câncer de Mama 
Outubro Rosa: a importância do rastreamento e da detecção precoces do Câncer de Mama
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O câncer de mama é um problema global que afeta milhões de mulheres. 

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, que enfrentam uma incidência significativamente maior em comparação aos homens com 99% dos casos da doença. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o câncer de mama constitui aproximadamente 24% de todos os casos de câncer ao redor do mundo, enquanto no Brasil, essa porcentagem chega a 25% dos novos diagnósticos.  

No início deste ano, o United States Preventive Services Task Force (USPSTF), uma das principais organizações independentes dos Estados Unidos, emitiu novas recomendações para o rastreamento do câncer de mama, o que gerou discussões e questionamentos significativos sobre o assunto. 

Aqui, exploraremos essas novas diretrizes, seu contexto e como elas podem impactar as mulheres nos Estados Unidos, confira: 

O que é o USPSTF e por que suas diretrizes importam? 

O USPSTF é uma das sete principais organizações independentes que emitem recomendações sobre o rastreamento do câncer de mama, dentre outros cuidados com o câncer. 

Essas recomendações têm o potencial de influenciar questões como a cobertura de seguros e ajudar os profissionais de saúde a decidirem sobre os melhores cronogramas de rastreamento para suas pacientes. 

Quais são as novas recomendações do USPSTF? 

Atualmente o USPSTF recomenda que as mulheres: 

  1. Iniciem o rastreamento do câncer de mama aos 40 anos, em vez dos 50 anos como era anteriormente recomendado; 
  1. Realizem mamografias de rastreamento a cada dois anos dos 40 aos 74 anos. 

Essas mudanças alinham as recomendações do USPSTF com as de outras organizações, que já recomendavam o início do rastreamento ou sua possibilidade aos 40 anos — o USPSTF manteve a recomendação de rastreamento bienal em vez de anual, que é sugerida por outras organizações. 

Além disso, o USPSTF destacou a necessidade de mais pesquisas sobre disparidades no rastreamento enfrentadas por diferentes grupos raciais nos EUA e sobre os benefícios da ultrassonografia e da ressonância magnética para mulheres com mamas densas. 

A organização alerta que não há estudos suficientes para que sejam feitas recomendações para as mulheres com 75 anos ou mais. 

Por que essas recomendações são experimentais? 

O USPSTF emite recomendações em formato experimental para coletar feedbacks e comentários públicos antes de lançar as recomendações finais. 

Por que o USPSTF mudou suas recomendações? 

As novas recomendações do USPSTF são baseadas em dois principais fatores:  

  1. Mais mulheres na faixa dos 40 anos foram diagnosticadas com câncer de mama, o que torna os benefícios do rastreamento desse grupo superiores aos seus possíveis danos; 
  1. As mulheres negras têm 40% mais chances de morrer de câncer de mama do que as mulheres brancas, sendo mais propensas ao diagnóstico em seus 40 anos e com cânceres de mama mais agressivos. 

O rastreamento precoce dessas mulheres, sem dúvida, salvará mais vidas, mas a organização também notou a necessidade de mais pesquisas para determinar se as mulheres negras devem ser rastreadas em um cronograma diferente. 

Por que não há consenso nas Diretrizes de Rastreamento? 

A falta de consenso nas diretrizes de rastreamento do câncer de mama é resultado das diferentes abordagens das organizações em equilibrarem os benefícios do rastreamento com os seus possíveis danos, como falsos positivos e tratamentos excessivos.  

Ainda assim, o fato mais notável é que a idade recomendada foi reduzida para 40 anos, indicando um progresso em direção ao consenso. 

Por que o rastreamento precoce é controverso? 

O principal benefício do rastreamento é a detecção precoce do câncer de mama, que é quase 100% curável, quando diagnosticado no início. 

Porém, o rastreamento também apresenta riscos potenciais, como falsos positivos que exigiriam biópsias e estresse desnecessários. 

As mulheres mais jovens, aliás tendem a terem mamas densas, o que pode tornar mais difícil distinguir o tecido normal do suspeito, aumentando o número de falsos positivos. 

Em casos extremos, uma mulher pode passar por cirurgia com base em um falso positivo ou ser tratada por para uma suspeita que não teria evoluído para um câncer de mama. 

Por que as recomendações receberam críticas? 

Alguns especialistas, como o Dr. Larry Norton, fundador e diretor científico da Breast Cancer Research Foundation (BCRF) — Fundação de Pesquisa do Câncer de Mama —, consideram as recomendações “um passo na direção certa”, entretanto, aponta que a maioria das outras organizações recomenda mamografias anuais e não a cada dois anos, o que pode aumentar a chance de detecção precoce e tratamentos menos invasivos. 

Soma-se a isso o fato de que a frequência é particularmente importante, porque os cânceres de mama em mulheres mais jovens tendem a serem mais agressivos. Outro ponto de crítica é que o USPSTF não fez recomendações sobre outros tipos de rastreamento, como a ultrassonografia e a ressonância magnética, que podem ser úteis para mulheres com mamas densas. 

Essas recomendações afetam a cobertura das seguradoras? 

Não, nos Estados Unidos, as seguradoras são obrigadas a cobrirem mamografias anuais para mulheres com 40 anos ou mais. 

O que as mulheres da faixa dos 40 anos devem fazer? 

As mulheres com 40 anos ou mais, que ainda não começaram o rastreamento, devem conversar com os seus médicos sobre seu risco pessoal de câncer de mama e o cronograma ideal de rastreamento em suas próximas consultas — inclusive aqui no Brasil. 

O futuro do Rastreamento do Câncer de Mama 

As recomendações atualizadas do USPSTF destacam a necessidade crítica de mudanças na abordagem, saindo daquela baseada na idade e caminhado em direção ao rastreamento personalizado e focado no risco. 

Sendo assim, aprimorar a avaliação de risco de câncer de mama e as ferramentas de rastreamento é fundamental. Um modelo de rastreamento personalizado, com o uso de tecnologias como a inteligência artificial e o aprendizado de máquinas — Machine Learning —, possibilitará recomendações individuais para as mulheres, levando em consideração fatores como histórico familiar, genética e etnia. 

A abordagem baseada no risco também ajuda a garantir que as mulheres não sejam abandonadas pelas diretrizes, seja devido à idade, raça ou a outros fatores.  

Portanto, a pesquisa e a personalização do rastreamento são fundamentais para melhorar a detecção precoce e a prevenção do câncer de mama e espera-se que essas mudanças ajudem a salvar mais vidas no futuro.  

Juntos, podemos enfrentar o desafio do câncer de mama e trabalhar em direção a um futuro mais saudável e seguro para todas as mulheres. 

Referências 

What To Know About New Breast Cancer Screening Recommendations 

Guia de Doenças e Sintomas: câncer de mama 

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