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Risco de TEV: as cirurgias que oferecem mais chances de recorrência de tromboembolismo venoso

Risco de TEV: as cirurgias que oferecem mais chances de recorrência de tromboembolismo venoso
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É consenso que um paciente que já sofreu um evento de Tromboembolismo Venoso tem maior risco de TEV após uma cirurgia. Mas qual é o tamanho desse risco e como ele varia entre os tipos de operação são perguntas que ainda carecem de respostas precisas. Um novo levantamento, divulgado em uma das publicações científicas da Associação Americana de Medicina na sexta-feira (10/5), dá mais pistas sobre como conduzir a profilaxia de TEV nesses casos.

Qual é o risco de recorrência de TEV após uma cirurgia?

A conclusão dos pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Leiden, na Holanda, é que o risco de TEV em pacientes com histórico é alto até seis meses depois de uma cirurgia. Entre 2,3% até 9,3% dos pacientes tiveram um novo caso de TEV após seis meses da operação – o risco é maior ou menor de acordo com o tipo de procedimento. “Nossa descoberta sustenta uma política com duração prolongada da terapia tromboprofilática, não restrita à profilaxia intra-hospitalar”, escreveram os autores do estudo (1).

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Para chegar à conclusão atual, os pesquisadores analisaram os dados de voluntários que participam de um grande estudo populacional para descobrir as origens do TEV, conhecido pela sigla MEGA. Dos 3.741 pacientes com histórico de TEV, 15,5% passaram por uma cirurgia e entraram na nova análise.

Em média, até um ano depois da operação, 6% dos pacientes tinham sofrido um novo evento tromboembólico. O risco de TEV foi mais concentrado no período imediatamente posterior à intervenção, com exceção das cirurgias oncológicas, onde o risco permanece alto após um mês. Nas cirurgias em geral, os pacientes tinham uma chance 8,4 vezes maior de recorrência de TEV até um mês depois da cirurgia e 1,3 vez mais alta no período entre 6 e 12 meses.

Quais cirurgias oferecem maior risco de recorrência de TEV?

As cirurgias não-ortopédicas foram mais associadas a recorrência e risco de TEV no primeiro mês do que as ortopédicas: as chances de um novo evento tromboembólico eram 8,2 vezes maiores nesse período nas cirurgias não-ortopédicas e 4 vezes maiores nas ortopédicas. 

A seguir, os tipos de cirurgia que predispuseram a um risco maior de TEV :

  • Cirurgias gastrointestinais: 10% de risco até um ano depois da operação
  • Grandes cirurgias ortopédicas (com mais de 30 minutos de duração): 10% de risco até um ano depois da operação
  • Cirurgias oncológicas: 9% de risco até um ano depois da operação
  • Cirurgias cardiopulmonares: 4% de risco até um ano depois da operação

No gráfico abaixo, a comparação do risco de recorrência de TEV para os períodos de 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12 meses após a cirurgia:

Quadro com o risco de TEV (recorrência), por tipo de cirurgia

Há outros fatores que aumentam o risco de recorrência de TEV?

No novo levantamento, características individuais também aumentaram o risco de TEV, como presença do fator V de Leiden, uma mutação associada a distúrbios de coagulação. Os pacientes que testaram positivo para a alteração tinham 3,4 vezes mais chances de um novo evento. Pacientes do sexo masculino também foram mais afetados pela recorrência de TEV: tinham 2,7 vezes mais chances.

O que muda na profilaxia?

Por enquanto, nada. A profilaxia de rotina, antes de intervenções cirúrgicas, já é fortemente recomendada para pacientes com alto risco de TEV, como geralmente são classificados aqueles com histórico – a não ser que existam contra-indicações com base em fatores individuais, como alta possibilidade de sangramento (2-3). Algumas das ferramentas (4) que podem ajudar na avaliação de risco de TEV são os escores de Caprini (especialmente para pacientes cirúrgicos) e de Pádua (clínicos).

Os autores do novo estudo sugerem que talvez seja necessário estender o tempo de duração da profilaxia, mas para quanto e como não está determinado. “Este estudo sugere que indivíduos de alto risco podem ser identificados com base no tipo de cirurgia, sexo e presença da mutação do fator V de Leiden. Esses achados ressaltam a necessidade de revisão da atual abordagem tromboprofilática para prevenir a recorrência nesses pacientes”, afirmaram os pesquisadores holandeses no artigo. Outras pesquisas devem ser feitas para confirmar os resultados e, então, indicar a possibilidade de mudanças nas diretrizes.

SAIBA MAIS

REFERÊNCIAS

(1) Banne Nemeth; Willem M. Lijfering, MD, PhD; Rob G. H. H. Nelissen, MD, PhD; Inger B. Schipper, MD, PhD; Frits R. Rosendaal, MD, PhD; Saskia le Cessie, MD, PhD; Suzanne C. Cannegieter, MD, PhD. Risk and Risk Factors Associated With Recurrent Venous Thromboembolism Following Surgery in Patients With History of Venous Thromboembolism. JAMA Network Open. 2019;2(5):e193690. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.3690

(2) Gould MK, Garcia DA, Wren SM, et al. Prevention of VTE in nonorthopedic surgical patients: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012;141(2)(suppl):e227S-e277S.

(3) Falck-Ytter Y, Francis CW, Johanson NA, et al. Prevention of VTE in orthopedic surgery patients: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012;141(2)(suppl):e278S-e325S.

(4) Farhat Fátima Cristiane Lopes Goularte, Gregório Hellen Caroliny Torres, Carvalho Rafaela Durrer Parolina de. Avaliação da profilaxia da trombose venosa profunda em um hospital geral. J. vasc. bras.  [Internet]. 2018 Set [citado 2019 Maio 09] ; 17( 3 ): 184-192.

 

 

Pesquisa estimou risco de TEV em pacientes com histórico e sugere estender profilaxia após operação para prevenção de novo evento tromboembólico

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