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Segurança do paciente também precisa ser priorizada fora do ambiente hospitalar

Segurança do paciente também precisa ser priorizada fora do ambiente hospitalar
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IBSP: Segurança do Paciente - Segurança do paciente também precisa ser priorizada fora do ambiente hospitalarEventos adversos dentro de unidades hospitalares são considerados graves por colocar, em risco, a segurança dos pacientes. Mas como andam os protocolos e as legislações para garantir essa mesma segurança fora dos hospitais? O paciente precisa estar seguro mesmo quando está em sua rotina natural.

Treinamento em primeiros socorros é essencial para garantir atenção inicial a quem sofre lesões ou doenças e é esse atendimento que salva vidas e ajuda a reduzir as sequelas. O Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo(1) disponibilizou um manual sobre a importância dos primeiros socorros, enfatizando que muitas vezes conhecimentos simples são suficientes para preservação da vida.

A publicação traz alguns cenários que necessitam de atendimento rápido como, por exemplo, situações em que há choque elétrico; deglutição ou inalação de corpos estranhos; asfixia; infarto; parada cardiorrespiratória; fraturas, entorses, luxações ou contusões; envenenamento; picada de animais peçonhentos; queimaduras; e sangramentos.

Em cada uma dessas situações, se quem está próximo do paciente entende o caso, sabe identificar os sintomas e compreende o que deve e o que não deve fazer – pois muitas vezes o correto é apenas chamar o atendimento de emergência e aguardar ao lado da pessoa – o ciclo de cuidados desse paciente é otimizado e o prognóstico melhorado.

Vida no trânsito – As metrópoles vivenciam um tráfego intenso e repleto de incidentes. Conhecimentos em primeiros socorros ajudam a reduzir os danos à saúde e minimizam o número de mortes no trânsito. É justamente por isso que esses treinamentos integram os cursos de direção.

Porém, o treinamento precisa ser efetivo. Uma pesquisa do European Transport Research Review (2) comparou os resultados e os conhecimentos de pessoas que tiveram treinamento de primeiros socorros com duração de 16 horas a outro grupo que vivenciou o treinamento por apenas 4 horas. E a discrepância de conhecimento entre os grupos é muito relevante.

Entre os pontos destacados nesta publicação estão que o treinamento de quatro horas não chegava a ensinar sobre lesões internas e lesões na coluna vertebral; que as verificações das funções vitais também deixavam a desejar; e que esses alunos, quando submetidos à cenários em que teriam de agir, apresentaram reações emocionais, como pânico, que influenciam negativamente o desempenho.

A casa do idoso – Segundo o Johns Hopkins Medicine (3), anualmente um a cada três adultos com mais de 65 anos sofre uma queda e, mesmo que o desfecho comum não seja grave, quedas seguem como as principais causas de fraturas de quadril e de lesões cerebrais traumáticas, o que acende o alerta para a segurança do paciente no ambiente domiciliar, principalmente em um cenário de inversão da pirâmide etária como o que o mundo vive hoje.

Entre as orientações para segurança do paciente idoso dentro de casa estão instruções como manter-se ativo, pois a força muscular contribui com a mobilidade e reduz o risco de fraqueza que leva à quedas; estar sempre atento a sinais como problemas na visão, instabilidade da marcha e efeitos colaterais de medicações; tornar o ambiente mais adequado à vivência do idoso removendo potenciais riscos como escadas irregulares, tapetes, pouca iluminação e disposição inapropriada de utensílios além, claro, de cuidados especiais com os banheiros que representam risco alto e que quando adaptados com barras e assentos para banho tornam-se mais seguros.

Nas escolas – Em setembro de 2017 um incidente ocorrido no interior de São Paulo, em Campinas, trouxe luz ao debate sobre a necessidade de instituir políticas para garantir a segurança de pacientes dentro do ambiente escolar, enquanto crianças e adolescentes estão sob o controle de professores e gestores de educação.

Na ocasião, Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, estava em um passeio com a escola quando se engasgou com um lanche e, infelizmente, faleceu. Desde então, movida pelo desejo de melhorar os cuidados de forma generalizada no ambiente escolar, a mãe de Lucas, Alessandra Zamora, iniciou um movimento buscando obrigatoriedade, por parte das instituições de ensino, de treinamento a todos os funcionários.

Pouco mais de um ano após o ocorrido, mais precisamente em 5 de outubro de 2018, foi sancionada a Lei 13.722 (4) que determina que professores e funcionários de escolas, públicas e privadas, de ensino infantil e básico, devem ser capacitados em primeiros-socorros. Espaços de recreação infantil também devem seguir a norma e todas as entidades devem ter kits de primeiros socorros.

A legislação define que os cursos sejam realizados anualmente para que esses profissionais sejam capacitados e que tenham as instruções recicladas, possibilitando a ação precisa em situações emergenciais enquanto a assistência médica não for acessada. Nas instituições públicas, esses treinamentos são ministrados por entidades municipais ou estaduais especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à população; já nas privadas, por profissionais habilitados, sendo que diversas instituições ofertam o curso de primeiros socorros, inclusive hospitais de referência nacional.

Quem descumpre a lei sofre notificação seguida de multa e, em caso de reincidência, o valor a ser pago pelo descumprimento é dobrado, podendo gerar cassação do alvará de funcionamento.

Corpos estranhos no trato aerodigestivo – quando alimentos, brinquedos e outros objetos ficam alojados nas vias aéreas ou no esôfago após inalação ou deglutição – são frequentes e colocam a vida em risco. Estudo (5) realizado na Índia que avaliou, por cinco anos, a ingestão de corpos estranhos em pacientes entre 9 meses e 85 anos de idade concluiu que a maioria dos pacientes (70,65%) tinha menos de 10 anos, o que incentiva ainda mais as unidades escolares a aprenderem como agir em situações como essa. A publicação também afirma que o corpo estranho mais comum foi a moeda, objeto encontrado em 81,52% dos casos.

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Referências:

(1) Primeiros Socorros – Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo

(2) First aid as an important traffic safety factor – evaluation of the experience–based training

(3) 4 Ways to Improve Fall Safety

(4) Lei Lucas – Lei 13.722

(5) Incidence of Foreign Bodies in Aerodigestive Tract in Vindhya Region: Our Experience

 

 

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