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Testes sorológicos para COVID-19 – Acurácia variável

Testes sorológicos para COVID-19 – Acurácia variável
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Os testes para diagnóstico da COVID-19 seguem protagonistas no combate à disseminação do novo coronavírus. No início da pandemia, o único exame disponível para detecção da doença era o RT-PCR, exame molecular de alta complexidade que identifica o RNA do vírus em amostras nasofaríngeas dos pacientes. Esse exame segue indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o padrão ouro, mas com a evolução dos conhecimentos científicos, outros exames surgiram, entre eles os sorológicos.

Diferentemente do RT-PCR que identifica o código genético do vírus, os exames sorológicos são capazes de detectar os anticorpos em amostras sanguíneas. Dessa forma, são indicados para diagnóstico posterior, ou seja, devem ser realizados após pelo menos oito dias do início dos sintomas, visto que esse é o tempo médio para que o organismo humano reaja e produza os anticorpos contra o vírus. Caso o teste seja realizado antes, as chances de resultados falsos são mais altas (os chamados “falso-negativos”).

O questionamento sobre a eficácia desses testes – despertado principalmente pelos testes rápidos que apresentam grande variabilidade de acurácia – ligaram um alerta para que todos os profissionais de saúde compreendessem muito bem quais as diferenças entre as metodologias diagnósticas a fim de aplicar cada exame na hora correta e para o paciente correto, trabalhando para resultados confiáveis.

Corroborando com essa análise, um estudo publicado pelo British Medical Journal (1) determinou a acurácia dos testes sorológicos. Por meio de uma revisão sistemática, mediu a sensibilidade e a especificidade dos exames no comparativo com o RT-PCR (considerado como padrão ouro, ainda que pese que sua acurácia não é 100%). Foram observados três métodos sorológicos: ELISA, LFIA (imunoensaios de fluxo lateral), e CLIA (quimioluminescência). Importante reforçar que os testes rápidos, que foram muito questionados pela alta chance de darem resultados falsos tanto positivos quanto negativos, são testes qualitativos feitos pela metodologia LFIA.

Para tornar a análise mais clara, vamos esclarecer alguns termos: a sensibilidade é a capacidade de um exame em identificar, dentre as pessoas com suspeita da doença, àquelas realmente doentes (capacidade do teste de identificar a doença quando ela está presente); já a especificidade é a capacidade de um exame ser negativo nos indivíduos que não têm a doença (capacidade de excluir a doença quando ela não está presente). Um exame com alta sensibilidade diminui a chance de um falso-negativo (alguém com a doença ter um exame negativo); já uma alta especificidade diminui a probabilidade de um falso-positivo (alguém sem a doença receber o diagnóstico). Já acurácia é uma propriedade que envolve a proporção de acertos de um exame, ou seja, fazer diagnóstico de quem tem a doença (verdadeiros positivos) e descartar a doença em quem não tem (verdadeiros negativos).

Analisando 40 estudos, a revisão sistemática envolveu uma observação de cerca de 29.842 testes sorológicos e concluiu que a metodologia com melhor acurácia é a CLIA (quimioluminescência) que conseguiu resultados corretos em 98% dos casos tanto ao testar pacientes comprovadamente infectados quanto ao testar pacientes saudáveis.

Além disso, os testes rápidos (LFIA) demonstraram ter uma ampla chance de resultados falso negativos, pois 34% dos testes de pacientes que tinham sido diagnosticados via RT-PCR com COVID-19 nessa metodologia deram negativo.

Confira abaixo o comparativo completo entre as três metodologias sorológicas:

Resultados falso negativos em pacientes com COVID-19

  • ELISA – 16%
  • LFIA – 34%
  • CLIA – 2%

Resultados falso positivos em pacientes saudáveis

  • ELISA – 2%
  • LFIA – 3%
  • CLIA – 2%

O estudo também tratou de observar os riscos inerentes à realização dos testes dentro da janela imunológica. Identificou que a sensibilidade foi menor nos testes realizados na primeira e na segunda semanas após o início dos sintomas quando comparado com os exames realizados a partir da terceira semana do aparecimento dos sintomas de COVID-19.

Além disso, a revisão enfatiza que os médicos devem ter cautela para utilizar exames sorológicos para detecção da COVID-19 durante a tomada de decisões clínicas e a vigilância epidemiológica.

Referências:

(1) Diagnostic accuracy of serological tests for covid-19: systematic review and meta-analysis

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