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Atuação multidisciplinar marca simpósio sobre qualidade e segurança do paciente

Atuação multidisciplinar marca simpósio sobre qualidade e segurança do paciente
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O I Simpósio Internacional de Qualidade e Segurança do Paciente reuniu um seleto grupo de profissionais de saúde focados em mudar a realidade da assistência à saúde no Brasil

 

O Primeiro Simpósio Internacional de Qualidade e Segurança do Paciente, promovido pelo IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente em parceria com o MHF – Movimento Hospitalista de Futuro, reuniu cerca de 200 pessoas no Pullman Hotel, em São Paulo, em seu segundo dia de evento. Informações sobre assistência à saúde e como a segurança do paciente está encaixada neste cenário foram apresentadas por palestrantes nacionais e internacionais, e houve ainda debate entre público e convidados.

O público presente englobou representantes de diversas lados da saúde, incluindo representantes de operadoras de saúde, gestores especialistas em segurança do paciente de várias partes do Brasil e membros de entidade responsável pela acreditação hospitalar. Maria Carolina Morena, da ONA – Organização Nacional de Acreditação, marcou presença e ressaltou a importância deste tipo de evento para o futuro da saúde no País. “É uma maneira de abordar o tema para que os gestores se engajem em promover uma assistência mais segura”, disse.

 

A infectologista Lia Canedo, diretora clínica e gerente de qualidade do Hospital Metropolitano de Vitória, veio do Espírito Santo para se aprimorar na área. “Foi altíssimo o nível técnico das palestras e painéis. Vou levar muitos exemplos do que implantar em prol da segurança do paciente à instituição que trabalho”, disse. Sandra Cristine da Silva, gerente de Qualidade, Apoio Administrativo e Serviço de Arquivo Médico do Hospital Sírio Libanês, concorda com a opinião de Lia. “Foi um momento único de discussões e aprendizado”, falou. O Dr. Renato Vieira, gerente médico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, também ficou bem impressionado com a visão multidisciplinar proporcionada pelo evento do IBSP. “Foi o melhor evento no Brasil para mostrar o que se faz em termos de segurança do paciente e os desafios que há pela frente”, falou.

Segundo dia: atuação multidisciplinar
Ron Greeno, fundador da Cogent Healthcare, onde criou e aprimorou o modelo usado pela companhia para gerenciamento de mais de mil hospitalistas nos Estados Unidos e, atualmente, Chief Strategy Officer na IPC Healthcare, abriu os trabalhos do segundo dia para falar sobre a evolução na forma de pagamento no sistema de saúde dos Estados Unidos. O profissional deu um panorama de como era feita a remuneração anteriormente, quando se pagava por serviço ou procedimento, e como esse processo evoluiu. “Estamos desenvolvendo programas para que a pessoa tome decisão e entenda que está gastando seu próprio dinheiro. O Bundled Payment Care Improvement Program é uma política de pagamento por qualidade de assistência, não por quantidade”, explicou.

O segundo palestrante do painel foi Vandad Yousefi, hospitalista do Vancouver General Hospital, que falou sobre formas de envolver médicos em políticas de segurança do paciente. “Há alguns anos a qualidade e segurança no atendimento tem se tornado de interesse das pessoas. E, historicamente, os médicos não participam de programas de melhoria de qualidade como deveriam”, ponderou. Para ele, estimular a liderança, melhorar a remuneração e trabalhar a divulgação de dados de boa qualidade sobre o assunto são a chave para solucionar esse impasse.

Neil Winawer, que é médico hospitalista e professor da Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos, fechou o painel sobre paradigmas e mudanças falando sobre como balancear supervisão e autonomia. O palestrante dividiu com o público um pouco de suas experiências com residentes e resumiu como deve ser feita a orientação. “Resumindo, é acompanhar de perto, mas observar de longe. Tendo em vista que o mais importante é a segurança do paciente. É preciso saber a hora certa de intervir”, afirmou.

 

Ombudsman da saúde
Um dos destaques do dia foi o painel comandado pela jornalista Cristiane Segatto, repórter especialista em saúde da Revista Época. Ela mostrou quais os passos e barreiras encontrou para traçar um panorama do que está nas entranhas do sistema financeiro de instituições de saúde. E mostrou que acredita que a segurança do paciente é uma das boas ferramentas para mudar o cenário da saúde no Brasil.

“O profissional que atua no núcleo de segurança do paciente em hospitais faz um papel semelhante ao do ombudsman no jornalismo. Ele olha para o lado do paciente, levando em conta valores universais”, sentenciou a jornalista que escreve há 19 anos sobre saúde e já ganhou 16 prêmios nacionais e internacionais.

O Dr. José Branco, diretor executivo do IBSP, e Dr. Renato Vieira formaram uma mesa de debates com Cristiane e foram contando casos que vivenciaram. “Em alguns casos, o hospital quando comete um evento adverso, precisa arcar com os custos, sem onerar o paciente ou a operadora de saúde do convênio do doente”, disse Dr. Branco.

Qualidade na assistência de idosos
Parte das palestras do dia foi dedicada às especificidades da assistência ao paciente idoso. Aleta Borrud, geriatra hospitalista da Mayo Clinic, em Minnesota, nos Estados Unidos, expos alguns dados sobre eventos adversos que acontecem com esses pacientes. Ela ressaltou ainda a importância da qualidade na assistência. “O cuidado com os pacientes geriátricos não é uma ciência difícil, é pensar naquele paciente como se fosse seu pai, sua mãe, eles precisam ser cuidados com atenção”, afirmou. Em outro painel, a profissional falou sobre segurança no medicamento de idosos hospitalizados. “Precisamos aumentar a transparência e discutir os riscos dos medicamentos com os pacientes”, ressaltou, sobre a importância na comunicação.

Em seguida, Jorge Eduardo Pompeu, doutor e mestre em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo e coordenador do Aprimoramento em Fisioterapia em Geriatria e Gerontologia do HCFMUSP, discorreu sobre os problemas de queda de idosos hospitalizados. “É necessário um estudo, análise ambiental hospitalar para saber se o local favorece o risco”, afirmou, antes de fazer uma análise de dados desse evento adverso. Além disso, ele alertou que o cuidado com o idoso deve ser postergado após a internação, que é quando ocorre a maioria das quedas.

Para finalizar e discutir a abordagem em torno do idoso, Letícia Mansur, fonoaudióloga pela USP, falou de cognição, avaliação, reabilitação, neolinguística e linguagem. “É de fundamental importância a comunicação como um todo, e a abordagem fonoaudiológica pode mudar a qualidade de vida do idoso internado”, disse Letícia, que também discorreu sobre o protocolo de fonoaudiologia para minimizar riscos de disfagia em idosos. “A principal causa do aumento do tempo de internação, normalmente, são as disfagias”, comentou.

Engenharia de sistemas
Jeanne Huddleston, médica fundadora do programa de Medicina Hospitalar da Mayo Clinic, explicou e exemplificou como a engenharia é usada para promover segurança do paciente. “Se quiserem fazer algo que beneficiem todos os setores do hospital, é preciso ter habilidades matemáticas e de sistemas”, afirmou. Para isso, ela detalhou como o sistema Keynote é aplicado na Mayo Clinic.

Errar é humano
“Errar ainda é humano”, falou o Dr. José Branco na abertura do último painel do simpósio, que reuniu ainda Jeanne Huddleston e Neil Winawer, mediados pelo Dr. Lucas Zambon. “Nós temos muita dificuldade no treinamento dos profissionais da área. O investimento da indústria na qualificação ainda é pequeno. A preocupação ainda é gerenciar os custos. Ainda precisamos capacitar e empoderar todos os profissionais de saúde”, finalizou Dr. Branco. “Não importa qual sua profissão, é preciso fazer o melhor sempre”, finalizou Neil.

 

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