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Segurança do Paciente

Apenas 4% dos serviços de diálise que atendem pacientes com doença renal crônica têm alta conformidade às práticas de segurança

Apenas 4% dos serviços de diálise que atendem pacientes com doença renal crônica têm alta conformidade às práticas de segurança
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Informação foi publicada pela Anvisa; 85% dos serviços têm baixa conformidade

Em maio deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou, pela primeira vez, o Relatório da Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente em Serviços de Diálise, um documento que observa quais as práticas de segurança que estão sendo adotadas em instituições que atendem pacientes com doença renal crônica.

Essa avaliação é bastante importante. Em primeiro lugar, possibilita que tanto a instituição quanto os profissionais que nela atuam possam ampliar sua percepção sobre os riscos envolvidos na realização de uma terapia renal bastante complexa evitando, assim a ocorrência de falhas não intencionais e suas consequências.

Em 2022, 432 serviços de diálise que prestam assistência a pacientes com doença renal crônica tiveram seus resultados computados na avaliação, sendo que 62% são extra-hospitalar; 67,1% são privados com fins lucrativos; e 86,8% atendem pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, 59% realizam apenas hemodiálise; 0,5% realiza somente diálise peritoneal e 40,5% realizam as duas terapias.

Para a análise, foram segmentados 18 indicadores:

  1. Núcleo do Segurança do Paciente instituído
  2. Plano de Segurança do Paciente implantado.
  3. Protocolo implantado de prática de higiene das mãos.
  4. Protocolo implantado de identificação do paciente.
  5. Protocolo implantado de prevenção de quedas.
  6. Protocolo implantado para segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos.
  7. Protocolo implantado de prevenção de eventos adversos relacionados ao acesso vascular de pacientes em hemodiálise.
  8. Protocolo implantado para a prevenção de infecção e outros eventos adversos em diálise peritoneal.
  9. Protocolo implantado de prevenção de coagulação do sistema durante o procedimento hemodialítico.
  10. Protocolo implantado de prevenção e controle da transmissão de microrganismos multirresistentes nos serviços de diálise.
  11. Protocolo implantado de prevenção da transmissão do HIV, das hepatites B e C e de tratamento da hepatite C nos serviços de diálise.
  12. Protocolo implantado de prevenção de eventos adversos relacionados ao reuso dos dialisadores e linhas.
  13. Protocolo implantado de monitoramento da qualidade da água de hemodiálise.
  14. Plano implantado de gerenciamento de tecnologias (equipamentos de hemodiálise e diálise peritoneal).
  15. Lista de verificação de segurança aplicada à hemodiálise (checklist).
  16. Conformidade da avaliação do risco de quedas.
  17. Regularidade da notificação de incidentes relacionados à assistência à saúde no ano de 2021.
  18. Regularidade da notificação mensal de indicadores de infecções relacionadas à assistência à saúde em diálise no ano de 2021*

A classificação seguiu o padrão abaixo:

  • Conformidade alta – 67% a 100% de conformidade
  • Conformidade média – 34% a 66% de conformidade
  • Conformidade baixa – 0 a 33% de conformidade.

Serviços de saúde que não tinham os itens 1 e 18 já foram automaticamente classificados como baixa conformidade às práticas de segurança.

Resultados

Oitenta e cinco porcento dos serviços participantes foram classificados como baixa conformidade. Enquanto isso, 11% foram definidos como média conformidade e somente 4% deles como alta conformidade. Os indicadores 1, 8 e 18 foram os com maior frequência de conformidade e os indicadores 9, 11, 14, 15 e 17 foram os com menor frequência.

Estados como Alagoas, Goiás, Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe somente apresentaram serviços com baixo nível de conformidade. Os estados com serviços considerados de alta conformidade foram Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Rondônia, Rio Grande do Sul e Tocantins. Os estados não mencionados apresentaram serviços com baixo e médio grau de conformidade.

Com esses dados em mãos, a Anvisa faz uma análise que indica preocupação, pois baixa complexidade pode evidenciar problemas de segurança do paciente. Porém, considerando que este é apenas um primeiro diagnóstico nacional, há a expectativa de melhorias futuras, visto que entender onde estão os problemas pode ser fator de incentivo para que gestores e profissionais de saúde invistam em novas estratégias visando melhor pontuação na próxima avaliação nacional.

Outro ponto destacado pelo relatório está relacionado a alta adesão ao indicador 18, mostrando que houve uma sensibilização positiva dos serviços de saúde quanto à importância da notificação das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).

No ano de 2022, 59% dos serviços de diálise do Brasil que atendem pacientes com doença renal crônica participaram da avaliação nacional. Interessante observar que em estados como Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pará, Piauí e Tocantins todas as unidades estaduais participaram. A meta do Plano Integrado para Gestão Sanitária da Segurança do Paciente em Serviços de Saúde 2021 – 2025 é conquistar a participação de 70% dos serviços brasileiros nos próximos três anos.

Referências

(1) Relatório da Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente – Serviços de Diálise – 2022 (Ano 1)

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